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Maquiavel em Viena

Assis Mendonça24 de novembro de 2002

O conservador Wolfgang Schüssel dá uma lição de estratégia política e vence claramente as eleições na Áustria.

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Wolfgang Schüssel comemora a vitóriaFoto: AP

Amigos e inimigos são unânimes em reconhecer as qualidades de estrategista do chanceler austríaco Wolfgang Schüssel. Isto foi confirmado uma vez mais, neste domingo, com o resultado das eleições parlamentares na Áustria. Ao contrário de todos os prognósticos e pesquisas de opinião pública, o chefe do governo de Viena conseguiu uma vitória clara não apenas sobre seu principal concorrente, o candidato social-democrata Alfred Gusenbauer, mas também sobre os ex-parceiros de coalizão do Partido da Liberdade (FPÖ), liderados pelo populista de direita Jörg Haider.

O Partido Popular da Áustria (ÖVP) tornou-se a mais importante força política da república alpina, pela primeira vez desde 1966, somando cerca de 43% dos votos. O SPÖ – Partido Social Democrático da Áustria – deixa de ter a bancada mais forte no Parlamento vienense: sua votação ficou em torno 37%. O grande perdedor da contenda eleitoral, contudo, foi Jörg Haider. Seu partido, que se tornara a segunda maior força política da Áustria em 1999, voltou a cair para o terceiro lugar, perdendo quase dois terços dos eleitores e ficando com cerca de 10% dos votos. Os Verdes ficaram pouco abaixo disso – entre 8% e 9% dos votos, segundo a projeção das apurações parciais na noite do domingo.

Manobras sagazes

Os ex-aliados do FPÖ foram os mais prejudicados pela manobra sagaz de Wolfgang Schüssel. O chanceler aproveitou o momento de maior crise interna no partido de Haider para desfazer a coalizão e provocar a convocação de eleições antecipadas. O FPÖ estava marcado por lutas internas de poder, caindo rapidamente em todas as pesquisas de simpatia entre os eleitores. E buscava desesperadamente novas figuras de proa, que pudessem substituir os ministros de grande popularidade, que tinha deixado o partido após o desentendimento com Haider.

Para Wolfgang Schüssel, uma situação ideal: ele recebeu de braços abertos no seu partido e no seu novo gabinete o jovem e bem sucedido ministro das Finanças Karl-Heinz Grasser, um dos políticos mais populares e competentes do FPÖ que acabava de abandonar o partido. Com isto, Schüssel assegurou ao ÖVP inúmeros votos de eleitores do ex-parceiro de coalizão, insatisfeitos com o resultado das querelas internas no partido de Haider.

Mas também para os concorrentes social-democratas, o chanceler vienense encontrou uma receita eficaz. Toda a sua campanha eleitoral foi calcada na apresentação dos dados econômicos negativos da Alemanha. Schüssel semeou entre os eleitores austríacos o temor de que uma eventual coalizão entre o SPÖ e os Verdes levaria a república alpina para o mesmo desastre econômico vivido pela Alemanha nos últimos tempos.