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Manifestantes invadem parlamento do Iraque

30 de abril de 2016

Seguidores do clérigo Moqtada al-Sadr exigem aprovação de um gabinete de ministros que não seja baseado no sistema de cotas para grupos confessionais e étnicos.

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Foto: Reuters/A. Saad

Centenas de manifestantes xiitas entraram neste sábado (30/04) na chamada Zona Verde, uma região governamental altamente protegida de Bagdá, e invadiram o parlamento do Iraque para exigir a implementação das reformas políticas do governo do primeiro-ministro Haidar al-Abadi.

Os manifestantes são seguidores do clérigo xiita Moqtada al-Sadr, que convocou a manifestação. Há semanas que eles protestam para exigir reformas no sistema político corrupto do Iraque, mas a invasão deste sábado é um acirramento até então sem precedentes da crise política.

Sadr e seus seguidores são apoiadores de Abadi e exigem que ele afaste seu gabinete e nomeie um novo, formado por tecnocratas sem ligações partidárias. Porém, os partidos políticos, que mais sairiam perdendo com a reforma, bloqueiam-na no parlamento.

Os manifestantes escalaram o muro que protege a Zona Verde e atacaram postos de controle, onde os guardas os deixaram passar. Depois, invadiram o parlamento gritando palavras de ordem e agitando bandeiras iraquianas. Eles entraram no plenário da casa, onde pouco antes uma votação sobre o novo gabinete de Abadi deixou de ocorrer por falta de quórum.

Abadi quer reformar um sistema implementado pelos americanos em 2003. Ele prevê que os cargos e postos do governo sejam divididos entre todos os grupos confessionais e étnicos do país, representados em partidos políticos. Críticos afirmam que o sistema faz com os cargos não sejam ocupados pelas pessoas mais qualificadas e, além disso, estimula a corrupção.

Em vez do sistema de cotas, Abadi, que chegou ao poder em 2014, tenta criar um governo de especialistas sem ligações políticas, ou tecnocratas. Ele conseguiu que o parlamento aprovasse parte dos seus novos ministros no início desta semana, mas a votação deste sábado, que decidiria sobre cargos-chave, não aconteceu por falta de quórum.

"Os políticos se recusam a acabar com a corrupção e com as cotas. Não participamos nem participaremos de qualquer processo político em que haja algum tipo de cota para partidos políticos, ainda que seja chamado de tecnocrata. Não vou permiti-lo, com a ajuda do povo", disse Sadr em discurso televisivo.

AS/ap/afp/rtr/ard/lusa