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Mais de 5 milhões de desempregados na Alemanha

Karl Zawadzky (am)2 de fevereiro de 2005

O número das pessoas à procura de emprego na Alemanha ultrapassou a marca de 5 milhões em janeiro último. Isso corresponde a uma taxa de desemprego de 12,1% – a mais elevada desde o fim da Segunda Guerra.

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O ministro Wolfgang Clement não vê motivo para pânicoFoto: AP


A falência da terceira maior construtora alemã – a Walter Bau AG, divulgada na terça-feira (01/02), foi o prenúncio negativo do primeiro relatório mensal do corrente ano sobre a situação no mercado de trabalho alemão. Pois, com a falência da construtora, prevê-se um aumento de 20 mil no número total de operários desempregados na construção civil.

Apesar da situação, o ministro da Economia e do Trabalho, Wolfgang Clement, adverte: "Não há motivo para pânico". E ele tem razão. Pois a estatística oficial do desemprego ultrapassou a marca dos 5 milhões pela primeira vez desde a criação da República Federal da Alemanha, mas pouca coisa mudou desde o mês anterior, na verdade.

Efeito estatístico

O número terrível decorre substancialmente de um efeito estatístico. Pois, através da fusão do auxílio social com o auxílio de desemprego (ambos são financiados com recursos públicos e não através da contribuição de assegurados, como no caso do seguro-desemprego), a estatística oficial passou a contar como desempregadas, pela primeira vez, as pessoas que recebem o auxílio social. Trata-se, neste caso, de mais de 200 mil pessoas.

A mudança no sistema estatístico traz um grande benefício para os que recebem o auxílio social. Agora, elas são consideradas como desempregadas e as Agências do Trabalho estão obrigadas a cuidar dos seus interesses, através da mediação de empregos e do pagamento de medidas de qualificação.

Estatísticas (não-)confiáveis

Para o ministro Wolfgang Clement, a correção das estatísticas contribui para que seja conhecida a situação real no mercado de trabalho. Mas, na verdade, o levantamento oficial ainda continua dourando a pílula. Menos, mas continua.

Quando se leva em consideração as medidas oficiais de ocupação, as microempresas subvencionadas (Ich-AG) e as aposentadorias antecipadas, então existem na Alemanha não apenas cinco, mas sim 6,5 milhões de pessoas desempregadas. Nenhum outro país industrializado emprega tantos recursos financeiros na luta contra o desemprego. E nenhum outro obtém tão pouco retorno dos seus esforços como a Alemanha.

Demonstranten protestieren am Montag, 3. Januar 2005, vor dem Arbeitsamt in Duisburg gegen die Einfuehrung der Hartz IV-Gesetze.(AP Photo/Michael Sohn)
Manifestação contra as medidas de reforma do mercado de trabalhoFoto: AP


Manifestação contra as medidas de reforma do mercado de trabalho

Tudo indica que o Estado e o seguro-desemprego concentraram-se demasiadamente, durante anos a fio, em amparar financeiramente com o maior conforto possível a dura sina dos desempregados. Somente nos últimos anos, sob a pressão dos cofres públicos vazios, é que o governo federal alemão mudou a sua política.

Agora trata-se principalmente de fazer a mediação de novos empregos – com aplicação de medidas de fomento e exigências rigorosas. Nesse processo, os desempregados podem sofrer um drástico rebaixamento profissional em determinados casos. O lema é: o que importa é trabalho e renda a partir de esforço próprio.

Para isso, não se faz apenas pressão. Também são postos amplos instrumentos à disposição, que devem ajudar na busca de um emprego. Mas principalmente o aparato administrativo foi reduzido nas Agências do Trabalho e foi ampliada a mediação de empregos.

Decisões fatais

Mas, nos anos passados de crise, as empresas tiraram a sensata conclusão empresarial de evitar a criação de novos empregos, na medida do possível. Do ponto de vista macroeconômico, contudo, tais decisões foram fatais. Com isso, temos hoje um recorde duplo: a mais alta taxa de desemprego e o maior nível de horas extras trabalhadas por aqueles que dispõem de um emprego. Também o nível de trabalho ilegal continua sendo elevado, para o que contribuem também inúmeros desempregados.

Apesar do desemprego recorde, a Alemanha é campeã mundial de exportações; as vendas ao exterior aumentaram em quase 10% no ano passado. Como é que se pode coadunar as duas coisas?

As empresas foram enxugadas e reduziram os custos, modernizaram seus produtos e sua produção e reduziram a fabricação na Alemanha; em média, as exportações alemãs incluem até 40% de peças importadas, fornecidas por países de mão-de-obra barata. Com isso – e através das concessões feitas pelos sindicatos em relação aos salários e às jornadas de trabalho, as empresas tornaram-se mais competitivas.

Reviravolta

Time's Runing Out
Chanceler Gerhard Schröder (esq.): chegou a hora das reformas radicaisFoto: AP

Nos setores em que há novamente um impulso econômico, as grandes firmas registram aumentos fantásticos de lucros. Enquanto o Estado só consegue salvar o sistema de seguridade social da ruína à custa de enormes cortes de assistência. Mas, de qualquer maneira, a política governamental não é mais a de adiar indefinidamente o problema.

Apesar da resistência de muitos, o chanceler federal Gerhard Schröder impôs uma reviravolta, há muito necessária, na política oficial. Se as medidas introduzidas surtirem efeito, o número de desempregados vai baixar e a ocupação aumentará. Provavelmente, já a partir do verão setentrional do corrente ano.