Leo Kirch diz que só deu um milhão de marcos para ajudar o ex-chanceler federal alemão a ressarcir os prejuízos que causou ao seu partido. O resto seria calúnia.
Helmut Kohl numa de suas raras aparições no Parlamento como deputado federal
O magnata da mídia da Alemanha, Leo Kirch, negou que tenha feito doações anônimas ao partido do ex-chanceler federal Helmut Kohl, a União Democrata-Cristã (CDU). Com a exceção do conhecido donativo de um milhão de marcos (US$ 450,75 mil) ao político amigo, não houve contribuição financeira do grupo Kirch ao partido do ex-chefe de governo, disse o empresário hoje, em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Parlamento, em Berlim, que apura se o governo do chanceler da unidade alemã tomou decisões influenciado por propinas e doações partidárias ilegais.
Leo Kirch desmentiu com isso o ex-auditor da CDU, Horst Weyrauch, uma das figuras-chave do escândalo que gerou a maior crise financeira e de popularidade da democracia-cristã alemã. A CPI dominada pela atual coalizão de governo social-democrata e verde anunciou que vai convocar o ex-chanceler para depor, sob juramento, em meados de dezembro. Kohl e Kirch se conhecem desde 1963 e o empresário colocou seu avião particular várias vezes à disposição do político amigo.
O ex-chefe de governo continua se recusando a revelar os nomes dos doadores de mais de dois milhões de marcos, que confessou ter depositado em contas secretas na Suíça. Por causa do escândalo, ele teve que renunciar à presidência de honra da CDU, da qual foi presidente de fato durante 25 anos, dos quais 16 anos acumulou o cargo de chanceler federal. Por causa do escândalo, o seu sucessor no partido, Wolfgang Schäuble, também renunciou.
Kohl recolheu doações junto a amigos empresários e proeminentes para ressarcir o seu partido do prejuízo financeiro que causara com as multas de mais de oito milhões de marcos aplicadas pelo Parlamento por causa das irregularidades financeiras praticadas durante sua gestão. O Ministério Público descobriu as maracutaias da cúpula democrata-cristã no lastro das investigações sobre propinas paga pelo lobista de armas, Karlheinz Schreiber, para facilitar no governo Kohl a autorização de um fornecimento de 36 unidades dos cobiçados tanques Fuchs à Arábia Saudita. Schreiber está foragido no Canadá.