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Maduro aumenta salário mínimo em 60%

1 de maio de 2017

Presidente venezuelano diz que oposição não quer diálogo. Novos protestos foram convocados para o Primeiro de Maio. Governos de oito nações latino-americanas declaram apoio a mediação do Vaticano para crise no país.

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Presidente venezuelano, Nicolás Maduro
Maduro em seu programa de TV: "Tenho que cuidar para que o povo tenha emprego, salário, educação, saúde e moradia" Foto: Reuters/Miraflores Palace

A oposição da Venezuela rejeitou neste domingo (30/04) uma oferta de mediação do papa Francisco para a crise que abala o país. A maior aliança de partidos opositores, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), afirmou que um diálogo com o governo não é possível, sem garantias e "condições muito claras". A oposição anunciou novos protestos para esta segunda-feira. Já o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou mais um aumento do salário mínimo, desta vez em cerca de 60%.

Há semanas, a situação na Venezuela é tensa. Violentos protestos deixaram 28 mortos e mais de 400 feridos. A onda de protestos começou no dia 1° de abril, após o Supremo Tribunal de Justiça, dominado pelo chavismo, ter decidido assumir as competências do Congresso, controlado pela oposição. Em meio à pressão interna e críticas internacionais, o presidente venezuelano pediu a revisão da decisão, e o Supremo revogou a medida.

A oposição convocou novas manifestações para este 1° de Maio, comemorando um mês de protestos. O líder oposicionista Freddy Guevara convocou a população venezuelana a ir às ruas "contra a ditadura". "No 1° de maio, devemos mostrar nossa força, que somos maioria e que queremos ter nossa voz ouvida nas urnas", disse Guevara. Além de uma passeata na capital, Caracas, foram programadas manifestações em todos os estados do país.

Mas Maduro também mobiliza seus seguidores. "O Primeiro de Maio pertence à classe trabalhadora", disse o chefe de governo em seu programa semanal de televisão. "Não é um dia do capitalismo e da direita."

Os opositores do governo responsabilizam o presidente socialista pela grave crise econômica no país sul-americano, onde a inflação deve chegar este ano a 720%, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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Maduro aumentou o salário mínimo para cerca de 65 mil bolívares, o que equivale, de acordo com a taxa de câmbio oficial, a 90 dólares, mas a apenas 15 dólares no mercado negro. Vales de alimentação, atrelados aos salários, foram reajustados para 135 mil bolívares. A medida entra em vigor nesta segunda-feira. "Este é o terceiro aumento do ano. Eu tenho que cuidar para que o povo tenha emprego, salário, educação, saúde e moradia", disse Maduro, acrescentando que seu governo criou 1,2 milhão de empregos.

A oposição também luta por eleições parlamentares antecipadas e um referendo sobre a destituição do chefe de Estado, cujo mandato termina regularmente em janeiro de 2019. Maduro recentemente concordou com novas eleições regionais, mas não divulgou uma data para os pleitos.

O papa Francisco voltou a oferecer sua ajuda para resolver a crise, mas em "condições claras", como disse durante retorno de sua visita ao Egito. Negociações sob mediação do Vaticano fracassaram nos últimos anos.

Maduro saudou a nova oferta do papa e acusou a oposição de recusar o diálogo. "Quando falo em diálogo, eles fogem", disse o presidente em seu programa de TV. "Eles não querem diálogo. Ontem, eles atacaram o papa Francisco. Eu respeito o que o papa Francisco diz."

A aliança de oposição MUD já havia rejeitado a retomada do diálogo em uma carta ao papa. Os governos de Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru, Paraguai e Uruguai divulgaram uma declaração conjunta de apoio à oferta de mediação do papa para uma solução pacífica para a crise. No  texto, eles também pediram negociações sob "condições muito claras".

MD/efe/afp