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Maathai: Todos deveriam dar o máximo de si

Dorothee Berendes (rw)23 de maio de 2005

A alguns dias da viagem à Alemanha, Nobel da Paz Wangari Maathai fala à DW-RADIO sobre seu prêmio, o desmatamento na Amazônia e a consciência pela preservação do meio ambiente.

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O Nobel abriu o mundo para a quenianaFoto: AP

A Nobel da Paz do ano passado, Wangari Maathai, esteve há alguns dias em Washington, onde se encontrou com representantes do governo norte-americano e o futuro presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz. Nesta semana, ele vem à Alemanha. Na quarta-feira ela estará em Berlim e depois viajará a Hannover, onde debaterá sobre ética na economia e as relações Norte-Sul, ao lado do chefe de governo Gerhard Schröder, no Congresso da Igreja Evangélica Luterana Alemã, de 25 a 29 de maio.

A queniana de 65 anos cativou o público norte-americano com seu charme, sua diplomacia e sua paciência. Diante de um público atento, ela falou da necessidade de encorajamento mútuo: "Cada um pode fazer alguma coisa. Podemos, por exemplo, plantar árvores".

"Ter um Nobel da Paz", explica, "pode ser uma experiência bem árdua quando se recebe tantas cartas com congratulações." O fato de o prêmio ter sido dado à causa do meio ambiente, para uma pessoa da África, que trabalha com as bases e está ligada ao movimento pacifista e à democratização dos países em desenvolvimento, me abriu todo o mundo, conta.

Deutsche Welle: Você recebeu 1,5 milhão de dólares no ano passado em Oslo. Onde você empregou esta soma?

Wangari Maathai: O dinheiro está sendo gasto com muita cautela. Não temos pressa, pois penso no futuro e pretendo criar uma fundação. Também necessito do dinheiro para projetos em andamento. Plantamos 30 milhões de árvores nos últimos 30 anos no Quênia. No entanto, teriam de ser muito mais. Emprego muitas mulheres nos projetos de reflorestamento e em outras iniciativas.

Cada mulher recebe uma pequena compensação de cerca de oito centavos de dólar por muda de árvore plantada. Também financiamos um projeto de educação cívica e ambiental para as comunidades quenianas, em que aprendem como o governo gerencia os recursos ambientais e como devem proteger estes recursos para que não sejam destruídos.

Você se engaja principalmente em projetos permanentes, como o fomento à apicultura, a compra de cabras ou vacas. Em suma, a ajuda para as mulheres garantirem a sobrevivência no Quênia. Por outro lado, você e sua organização The Green Belt Movement dedicam-se ao reflorestamento.

Precisamos literalmente de bilhões de árvores neste planeta e, quando falamos das mudanças climáticas, muitos se perguntam como nós contribuímos para estas mudanças. Especialmente nos países pobres, acontece o desmatamento, a desvegetação, o que contribui para estas mudanças. Nós tentamos educar as pessoas. Ao menos encorajá-los e mostrar como devem agir.

Fato é que 50% das florestas tropicais do mundo foram derrubadas nas últimas décadas. O desmatamento prossegue. A cada ano desaparece uma área de floresta que corresponde a duas vezes o tamanho da Áustria. As matas no Haiti, Congo e Amazônia continuam preocupando?

Vejo que há esforços pela regeneração das florestas, mas também há regiões no Congo e na Amazônia onde constatamos uma contínua invasão da floresta, derrubada legal e ilegal de árvores para a agricultura e isto contraria violentamente o que governos, indivíduos e empresas deveriam fazer.

Quando a gente a escuta falando, questiona-se de onde a senhora reúne tanta paciência para continuar entusiasmando as pessoas a sua volta. Sua vida não é permeada de sucessos. A senhora sofreu violências no início de suas iniciativas ecologistas e chegou a ser presa, cunhada como mulher inferior, radical e criminosa. Sofreu muitos reveses com governos, conglomerados e concidadãos quenianos. O que a levou a não perder o espírito de luta?

Faço o que posso... e isto é o que todos deveriam fazer.