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Lula embarca para participar da COP27 no Egito

14 de novembro de 2022

Presidente eleito fará pronunciamento no plenário da conferência e participará de fórum indígena. Combate às mudanças climáticas "deve ser um compromisso do Estado brasileiro", disse Lula antes de embarcar.

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Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva
No Egito, Lula participará do "Carta Amazônia: Uma agenda comum para a transição climática"Foto: Carl De Souza/AFP

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva embarcou nesta segunda-feira (14/11) para o Egito, onde participará da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), em Sharm el-Sheikh, nas margens do Mar Vermelho. Esta é a primeira viagem internacional de Lula desde a vitória na eleição presidencial.

Ainda sem poder integrar a delegação oficial do governo brasileiro, Lula deve comparecer a uma reunião secundária organizada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), agendada para quarta-feira.

Ele participará do evento denominado "Carta Amazônia: Uma agenda comum para a transição climática", na qual será acompanhado por vários governadores de estados brasileiros da região amazônica.

Na quinta-feira, ele terá um encontro com membros da sociedade civil brasileira e participará no Fórum dos Povos Indígenas sobre Alterações Climáticas. A agenda do petista prevê também encontros bilaterais com autoridades de outros países.

Antes de embarcar para o Egito, o presidente eleito escreveu em sua conta oficial no Twitter que o combate às alterações climáticas "deve ser um compromisso do Estado brasileiro", acrescentando: "Trabalharemos pelo futuro do nosso país e do planeta, que é um só e pertence a todos."

Aumento de desmatamento sob Bolsonaro

Durante a campanha eleitoral, o petista prometeu combater e barrar o desmatamento na Amazônia. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Amazônia Legal saltou de 7.500 quilômetros quadrados em 2018 para 13 mil quilômetros quadrados em 2021, num aumento de cerca de 73%. Os dados de 2022 ainda não estão concluídos.

Especialistas atribuem esse aumento sobretudo a cortes orçamentários em órgãos de proteção ambiental e ao discurso de Bolsonaro favorável à exploração agropecuária e mineral em áreas protegidas, incluindo terras indígenas.

Em área total, o desmatamento sob o governo Bolsonaro é bem inferior ao desmatamento durante os primeiros anos do primeiro mandato de Lula. Em 2004, por exemplo, foram desmatados 27.800 quilômetros quadrados na Amazônia Legal. No entanto, até o fim de seu segundo mandato em 2010, o desmatamento despencou para 7 mil quilômetros quadrados – uma queda significativa de 74%.

Marina Silva convida EUA para financiar Fundo Amazônia

A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva – cotada para novamente assumir a pasta – assegurou na COP27 que o Brasil não condicionaria sua luta pela preservação da Amazônia à retomada do financiamento internacional, suspenso por alguns países em protesto à postura de Bolsonaro.

Marina teve um encontro com o enviado especial do clima dos EUA, John Kerry, na quinta-feira em Sharm el-Sheikh. Ela relatou que o "governo dos EUA demonstrou vontade de aprofundar a cooperação" com o Brasil. Em entrevista à GloboNews, Marina afirmou ter convidado os Estados Unidos a contribuirem para o Fundo Amazônia, financiado principalmente pela Noruega e a Alemanha. Segundo ela, o Brasil será um exemplo global com o objetivo de reflorestar 12 milhões de hectares.

Indígenas têm  "muita esperança" em Lula

A coordenadora da Associação dos Povos Indígenas (Apib), Dinaman Tuxá, afirmou que os indígenas "veem a chegada de Lula com muita esperança". Segundo ela, ao contrário de Bolsonaro, "Lula tem uma política ambiental". Tuxá afirmou que espera ver um prosseguimento na demarcação das terras indígenas, um assunto congelado no Brasil com a chegada de Bolsonaro ao Planalto, em janeiro de 2019.

Após sua vitória eleitoral, Lula afirmou que o Brasil não seria mais um "pária no cenário internacional" e que esperava "ter mais conversas com líderes mundiais em um único dia do que Bolsonaro teve em quatro anos". Segundo o jornal O Globo, contudo, ele não conseguiu confirmar boa parte das dezenas de reuniões solicitadas à margem da COP27.

Por outro lado, ainda é possível que Lula se encontre com Kerry. Segundo interlocutores, ele deve comunicar ao político americano que o Brasil está disposto a sediar a COP30 em 2025. Após sua participação na COP27, Lula viajará na sexta-feira para Portugal, onde terá reuniões com autoridades nacionais. Seu regresso ao Brasil está agendado para sábado.

pv/av (AFP, Lusa, ots)