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Lula diz que sua inocência já foi provada

24 de janeiro de 2018

Em discurso durante ato em Porto Alegre, ex-presidente evita falar de julgamento e faz críticas ao governo atual e à imprensa. Segundo organizadores, evento reuniu 70 mil pessoas.

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Lula discursa na véspera de julgamento em Porto Alegre
Lula discursa na véspera de julgamento em Porto AlegreFoto: Reuters/P. Whitaker

Na véspera do julgamento que decidirá sobre seu futuro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (23/01) que sua inocência já foi provada por seus advogados e evitou falar do processo durante o discurso que fez num ato em Porto Alegre.

"Não vou falar do meu processo, não vou falar da Justiça, primeiro porque tenho advogados competentes que já provaram minha inocência, segundo porque acredito que aqueles que vão votar deverão se ater aos autos do processo, e não convicções políticas de cada um", disse Lula, diante milhares de manifestantes reunidos no local conhecido como Esquina Democrática.

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O futuro de Lula será determinado nesta quarta-feira, quando três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4° Região, em Porto Alegre, a corte responsável pelos casos de segunda instância da Lava Jato, decidem se a pena imposta ao ex-presidente pelo juiz federal Sergio Moro no ano passado deve ser mantida ou não.

No discurso, que durou pouco mais de 30 minutos, o ex-presidente reiterou ser inocente e afirmou que não há no país nenhum magistrado mais honesto do que ele, numa clara alfineta a Moro.

"Não estou preocupado comigo, estou preocupado com o povo brasileiro. Não posso me conformar com o complexo de vira-lata que tomou conta do nosso país. É uma elite que quer falar grosso com a Bolívia e manso com os Estados Unidos", continuou o ex-presidente.

Críticas à imprensa

No discurso que ganhou ares de comício, Lula aproveitou para tecer duras críticas ao governo atual e à imprensa. O ex-presidente disse que os grandes meios de comunicação não tem compromisso com a verdade e sugeriu a leitura dos jornais The New York Times e El Pais para quem deseja ter acesso ao conteúdo que "a imprensa brasileira não tem coragem de publicar".

O ex-presidente afirmou que seus inimigos não toleraram que os mais pobres passaram a ter melhores condições econômicas devido a mudanças promovidas durante os anos em que o PT esteve no poder. Lula exaltou ainda as políticas sociais, econômicas e externa adotadas durante seus mandatos.

"Esse país era protagonista internacional. Esse país era respeitado", destacou e finalizou dizendo que continuará lutando para que as pessoas tenham dignidade independentemente do resultado do julgamento.

"Só uma coisa vai me tirar de fazer o que eu estou fazendo: o dia em que não estiver mais aqui. O dia em que eu morrer", concluiu o ex-presidente.

Além de Lula, outras lideranças de esquerda participaram do evento, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, o senador Roberto Requião (PMDB), e a pré-candidata do PCdoB à Presidência, Manuela D'Ávila.

Segundo os organizadores, o ato de apoio a Lula reuniu cerca de 70 mil pessoas. A polícia militar não divulgou números. O evento contou ainda com a participação de artistas, como o escritor Raduan Nassar e o cantor Chico César, e líderes de movimentos sociais, como Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Manifestantes que pedem a condenação de Lula também saíram às ruas em algumas cidades. Em Porto Alegre, o protesto reuniu cerca de 500 pessoas.

O julgamento de Lula no Tribunal Regional Federal pode influenciar diretamente os rumos da eleição presidencial de 2018, na qual o ex-presidente pretende se candidatar.

CN/dpa/ots

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