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Liga dos Campeões ajuda a manter desigualdade entre clubes, avalia analista

Dirk Kaufmann (fc)17 de setembro de 2013

Competição movimenta 1,5 bilhão de euros, e grande parte é distribuída aos maiores clubes europeus. Com esse dinheiro, eles podem ampliar ainda mais sua distância em relação aos pequenos.

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Arjen Robben, do Bayern de Munique, levanta a taça de campeão da Liga dos CampeõesFoto: picture alliance/augenklick

A edição 2013/2014 da Liga dos Campeões começa nesta terça-feira (17/09) e promete, mais uma vez, mostrar por que é um negócio bilionário. Os principais times da Europa estarão não só atrás de um título, mas também dos milhões de euros que vão ser distribuídos aos participantes de uma competição marcada pela grande audiência televisiva.

O economista alemão Henning Vöpel calcula que a Uefa tem à disposição cerca de 1,5 bilhão de euros, que recebe por meio de cotas dos patrocinadores e venda dos direitos de televisão. Desse valor, 80% é distribuído aos clubes que participam da competição, sendo que o principal critério para a divisão do dinheiro é o sucesso esportivo. Para ele, essa situação preserva as desigualdades entre os clubes.

"A Uefa distribui muito dinheiro para os grandes. E assim eles têm condições de ampliar ainda mais sua posição", diz o especialista.

Deutsche Welle: Qual a soma de dinheiro que a Uefa tem à disposição para a temporada 2013/2014 da Liga dos Campeões?

Henning Vöpel: A Uefa ganha, por meio da Liga dos Campeões, cerca de 1,5 bilhão de euros por temporada. Esse dinheiro é recebido, principalmente, de patrocinadores, da venda do direitos de televisão e do merchandising.

Quanto isso representa em comparação à pequena e menos famosa Liga Europa?

Claramente, a Liga dos Campeões movimenta muito mais dinheiro. Os lucros de comercialização são naturalmente maiores do que os da Liga Europa, que é menos atrativa, também no que diz respeito à venda dos direitos de televisão. Podemos dizer que a relação é, mais ou menos, de três por um.

O que a Uefa faz com todo esse dinheiro?

Prof. Henning Vöpel vom Hamburgischen Welt Wirtschaftsinstitut
Henning Voepel diz que o principal critério para a divisão do dinheiro é o sucesso esportivoFoto: HWWI

A Uefa distribui cerca de 80% dos ganhos aos clubes participantes. Os outros 20% ficam para ela mesma e são investidos em, por exemplo, campanhas de marketing e coisas assim. Mas 80% são divididos entre os clubes e, para isso, há vários critérios.

Um deles é o sucesso do clube na competição, mas parte do dinheiro é dividida segundo outros critérios. Com isso, uma parte dos clubes menores é beneficiada. Existe um valor destinado às ligas nacionais, e cada uma delas decide como o dinheiro será dividido. Mas essa quantia é relativamente pequena, e a maior parte do dinheiro está associada ao sucesso esportivo dos clubes.

Essa situação não colabora para preservar a situação existente?

De fato. A Uefa distribui muito dinheiro para os grandes, para os clubes bem-sucedidos. E assim eles têm condições de ampliar ainda mais sua posição por meio do investimento em jogadores e em infraestrutura. E, ao mesmo tempo, a Uefa decidiu implementar regras financeiras de fairplay, proibindo as despesas dos clubes de serem maiores do que as receitas. Isso, por sua vez, protege os grandes clubes, que obtêm grandes receitas com a Liga dos Campeões, diante da concorrência dos clubes menores, que são impedidos de alcançar o nível dos grandes por meio de endividamento ou pelo engajamento de investidores ou de mecenas.

Como a Liga influencia o comportamento dos clubes?

A Uefa exerce uma enorme pressão sobre os clubes com as enormes somas de dinheiro distribuídas pela Liga dos Campeões. Podemos observar isso na Bundesliga, onde cada vez mais clubes têm a ambição de se qualificar para a Liga dos Campeões. Para o desenvolvimento esportivo e financeiro desses clubes, isso é muito importante.

O problema é que há muito mais clubes com essa ambição do que vagas à disposição. Stuttgart, Wolfsburg, Schalke, Hamburgo – todos esses clubes desejam jogar a Liga dos Campeões, mas nem todos podem chegar lá. E muitos clubes acabam se endividando na esperança de conseguir se qualificar.