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Leste da Alemanha precisa de médicos

(as)24 de dezembro de 2003

Falta de profissionais afeta vilarejos do Leste da Alemanha. Situação pode piorar com aposentadorias de médicos. Os mais atingidos são os idosos.

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Beerfelde, ameaçada de ficar sem médico, como outras localidades do Leste alemãoFoto: Beerfelde

O melhor é não ficar doente nos estados do Leste da Alemanha – centenas de consultórios médicos estão vazios. A falta de profissionais pode se tornar ainda mais dramática nos próximos anos: um terço dos clínicos-gerais tem mais de 60 anos e deve se aposentar. Em pequenas cidades do interior a maioria deles tem dificuldades para encontrar um substituto. As conseqüências dessa situação são sentidas principalmente pelos pacientes idosos.

Em Beerfelde, a cerca de 40 quilômetros de Berlim, os 600 habitantes são atendidos há quase 40 anos pelo médico Gerd Hohnstädter. No próximo ano, quando completar 65 anos, Hohnstädter pretende se aposentar e se dedicar integralmente aos seus hobbies. Mas ele tem tido dificuldades para encontrar um substituto. Segundo Hohnstädter, a procura por um novo médico, iniciada há mais de um ano, não obteve sucesso até agora. “Não tive notícia de que alguém tenha se interessado pela vaga”, afirma.

Idosos

A maior parte dos jovens deixa a região em busca de melhores oportunidades de trabalho. Para trás ficam os mais velhos, justamente o grupo que com mais freqüência precisa de atendimento de saúde. Para os médicos, esse é um problema adicional. Os seguros de saúde alemães destinam uma quantia anual fixa para os médicos. Quando há muitos pacientes idosos com a mesma enfermidade pode acontecer de o orçamento ser ultrapassado e o profissional não receber a restituição de alguns custos. Hohnstädter está sempre em guerra com seu orçamento. E às vezes ele sabe que não será pago pelo seu trabalho.

“Mas eu não posso levar isso em consideração, pois o que mais me importa são os pacientes, e todo o resto é secundário. Eu não posso recusar o atendimento a ninguém, pois isso já seria, por si só, contra o meu juramento profissional. E a minha consciência também não aceitaria isso”, diz Hohnstädter.

Substitutos

Essa situação assusta muitos médicos jovens. Eles preferem trabalhar em hospitais ou procurar uma vaga em cidades maiores. No campo, os médicos também precisam fazer visitas domiciliares, o que leva Hohnstädter, por exemplo, a viajar cerca de mil quilômetros por mês para atender seus pacientes em casos de emergência. Depois vêm as horas de consultas nos vilarejos. E oito noites por mês ele deve estar à disposição dos pacientes para casos de urgência. Nessa situação, o telefone deve estar sempre ao lado da cama – e ele pode tocar a qualquer hora. “Já me aconteceu de eu ter de sair todas as noites, e nesses casos depois de quatro dias já se está completamente cansado.”

Os pacientes têm perguntado com preocupação se Hohnstädter já encontrou um substituto. Muitos se preparam para se deslocar para cidades vizinhas em caso de necessidade, ainda que nem todos saibam como fazer para chegar lá, já que há poucos ônibus. Uma paciente de Hohnstädter, Margarete Winkler, ainda tem condições de se deslocar de carro. Mas também ela já se preocupa. “Será uma catástrofe se o doutor Hohnstädter se for. Ele vem a qualquer hora do dia e da noite, quem sabe se um outro médico também o fará. Nós apenas podemos esperar que sim.”