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Líder direitista tenta manobra política para afastar críticos

Marcio Weichert16 de fevereiro de 2002

Haider anuncia afastamento da política nacional. Riess-Passer, vice-chanceler federal e braço direito do populista, interrompe viagem aos EUA. Analistas políticos austríacos acreditam que recuo seja apenas temporário.

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Oficialmente, Haider não integra o governo federal, mas é tido como seu homem-forteFoto: AP

O principal líder do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), Jörg Haider, anunciou na noite desta sexta-feira estar se afastando da política nacional, após atritos com Peter Westenthaler, líder da bancada de seu partido no parlamento austríaco. A notícia pegou todos de surpresa.

Westenthaler teria reclamado que a interferência de Haider na política nacional prejudica o trabalho dos ministros de seu partido e do governo federal, do qual o FPÖ participa, minoritariamente, em coalizão com o Partido Popular (ÖVP).

"Não pode haver a impressão de que os ministros e o governo são controlados a partir da Caríntia. Se é problemático que outros sejam muito influenciados por mim, já não estou mais aqui", justificou Haider, governador do estado austríaco na fronteira com a Itália. O líder direitista acrescentou que os ministros muito identificados com ele e que por isso também "causem desgaste ao governo devem ser substituídos".

Ao saber da notícia, a vice-chanceler austríaca e presidente do FPÖ, Susanne Riess-Passer, decidiu apressar seu retorno a Viena, onde chegou na manhã deste sábado, antecipando em três dias o fim de sua visita aos Estados Unidos.

Blefe do homem forte

– Os analistas políticos austríacos acreditam, porém, que o recuo do líder populista não passe de uma manobra para se fortalecer. Presidente do FPÖ por mais de uma década, Haider liderou a oposição contra o governo social-democrata e popular e é o responsável pela rápida ascensão do partido, que passou dos 5% para os 27% dos votos na última eleição nacional, tornando, pela primeira vez em sua história, a segunda maior força política do país alpino.

Mesmo fora do gabinete, o populista é visto como o político mais influente no governo federal, devido a seu papel dominante no Comitê de Coalizão, no qual, na prática, são decididos os passos do governo conservador.

Retorno insinuado

– Em uma de suas frases desta sexta-feira, o governador da Caríntia deu o sinal de que a retirada não deverá durar muito. "O partido deve saber como tratar quem criou as condições para que o FPÖ esteja no governo federal há dois anos", disse o direitista. Haider também ameaçou não se candidatar à reeleição para o governo estadual, nem fazer mais campanha para seu partido nos próximos pleitos.

Tido como político nato, o jurista de 52 anos, que se tornou milionário graças a uma herança, sabe que o FPÖ lhe deve o que é hoje. Haider estaria apostando na volta por cima com o apoio maciço da base partidária e assim isolar os correligionários que o vêm criticando, considerando-o um incômodo.

O último motivo de atrito foi a viagem de Haider esta semana ao Iraque, no mesmo momento em que a vice-chanceler visitava os Estados Unidos, e Washington ameaçava nova guerra contra o ditador iraquiano Saddam Hussein.