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Klinsmann: Camisas vermelhas não fazem gols

Guido Baumhauer (rw)28 de maio de 2005

Há quase um ano na direção da seleção alemã, Jürgen Klinsmann fala à Deutsche Welle sobre sucessos e escândalos no futebol, sobre a Copa das Confederações e o Mundial de Futebol do próximo ano.

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Técnico da seleção alemã, conversou com Guido Baumhauer, diretor da DW-WORLDFoto: DW

DW-WORLD: Chega ao fim o primeiro ano da era Klinsmann no comando da seleção alemã. Dos nove jogos disputados até agora, apenas um foi perdido pela Alemanha (contra a Coréia do Sul, por 3 a 1). Cinco outros foram vencidos. Seu balanço pessoal?

Jürgen Klinsmann: Penso que nosso balanço é muito, muito positivo. Acima de tudo, crescemos como grupo, não só a equipe técnica. Nos completamos muito bem. Também trouxemos gente a bordo que colaborou com um enorme aumento de qualidade. Penso na questão do condicionamento, em que conseguimos treinadores dos Estados Unidos, e um psicólogo esportivo, que conseguimos integrar...

... e as camisas vermelhas?

... as camisas são muito bonitas, mas não fazem gols. Eu acredito simplesmente que, da forma como nossa equipe se apresentou nos últimos dez meses, com muito elã, muito entusiasmo em cada uma das partidas, isto é sensacional. É um grande prazer trabalhar com esta equipe. Ela tem um enorme potencial, o que nos dá uma grande autoconfiança para dizer sobre a Copa jogada dentro do próprio país: Queremos brigar por este título!

Antes do Mundial acontece a Copa das Confederações, de 15 a 29 de junho. Oito equipes disputam o título, entre as quais a Alemanha e equipes de destaque como o Brasil e a Argentina. Qual seu palpite sobre o campeão?

Bem, espero que, naturalmente, nós! É lógico: quando se fala em ser ofensivo para levar uma Copa disputada dentro do próprio país, isto vale também para esta minicopa-teste, a Copa das Confederações.

Trata-se, então, de um verdadeiro ensaio geral?

Este é um ensaio geral, um teste para nós. Cada jogo nos dará informações sobre as condições da equipe e, naturalmente, somos ambiciosos: quando se joga um torneio deste quilate, não se está apenas medindo forças com ótimas equipes do mundo, mas também se tem a ambição de derrotar seleções como a da Argentina ou do Brasil. Mesmo que a temporada tenha sido bastante longa para os jogadores, isto é estímulo suficiente para nós todos darmos o resto de nossas forças.

E o que acontecerá se a Alemanha não levar o título mundial? O senhor sente-se sob pressão?

Sim, é muito normal no futebol levar uma na orelha quando se tem a responsabilidade e as coisas não acontecem conforme o esperado. Isto certamente aconteceria se não levarmos o título. Mas seria errado eu ficar pensando assim. Faço este trabalho com muito otimismo. E, se por acaso não der certo, a avalanche não pode ser segurada, isto pode acontecer com qualquer um.

Se o senhor pudesse escolher entre jogar bonito ou vencer, qual seria sua opção?

Ambos! Ambos são importantes: claro que queremos jogar um futebol bonito. Acho que nos últimos dez meses lançamos as bases de uma equipe que sabe jogar para a frente, que pode ser agressiva.

Pode também a Alemanha tirar vantagem de um clima positivo em sua seleção? O que uma vitória na Copa de 2006 significaria para o país? Qual a importância do desempenho da seleção alemã?

Jürgen Klinsmann Bundestrainer Porträtfoto im Gespräch mit Guido Baumhauer (nicht im Bild)
Foto: DW

Acho que o time já mostrou isto neste ano após a derrota na Eurocopa, em apresentações como contra o Brasil em Berlim, onde o público estava realmente entusiasmado; contra o Irã, com 120 mil espectadores em Teerã, ou outras partidas. Claro que queremos um clima positivo, queremos que os jogadores estejam conscientes de que são um tipo de embaixadores da Alemanha, pois seremos observados por todo o mundo neste Mundial. Tudo será relatado em reportagens, seja sobre a seleção, sobre as cidades ou as pessoas que moram na Alemanha. Queremos apresentar uma boa imagem, queremos ser abertos e mostrar às pessoas que a Alemanha se desenvolveu muito positivamente, especialmente depois da reunificação.

O senhor reside no exterior, nos Estados Unidos. Como a imagem do futebol alemão fora do país?

Em geral, o futebol alemão goza de grande estima e respeito no exterior, claro que também em função dos três campeonatos mundiais, três títulos europeus e, além disso, sabe-se que a seleção alemã consegue se concentrar no que é importante. Sabemos que os adversários nos respeitam muito. No tocante aos clubes, neste ano a situação certamente não foi muito boa, pois muitas equipes se despediram de certames europeus relativamente cedo. Aí perdemos um pouco de crédito, mas que poderá ser recuperado rapidamente.

Quanto crédito foi perdido com o escândalo do juiz de futebol que manipulou partidas?

Naturalmente que a curto prazo se perde um pouco de crédito e o escândalo da manipulação nos prejudicou em todo o mundo. Ninguém aqui na Alemanha ou mesmo no mundo consegue imaginar uma coisa destas, pois simbolizamos outros valores − da retidão, da honestidade, da seriedade. Certamente isto nos prejudicou um pouco, mas por outro lado as pessoas no exterior também estão impressionadas com a forma como a Federação Alemã de Futebol (DFB) encarou o problema, investigou as acusações, encontrou os culpados e tomou medidas necessárias.