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KirchGruppe vai à falência

Paulo Chagas8 de abril de 2002

A KirchMedia, principal empresa do grupo, pediu concordata nesta segunda-feira (08).

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Bandeiras da ProSiebenSat.1, tevê aberta do KirchMedia, que pediu concordataFoto: AP

O Tribunal Administrativo de Munique confirmou, nesta segunda-feira (08), o pedido de concordata da KirchMedia, a principal empresa do KirchGruppe, que emprega em torno de 10 mil funcionários. Segundo os sindicatos, a falência pode provocar a perda de 3.000 a 4.000 empregos.

Isto encerra várias semanas de negociações com acionistas minoritários, como o News Corp, do australiano Rupert Murdoch, ou a Mediaset, empresa controlada pelo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi. Ambos têm interesse em assumir a KirchMedia a fim de penetrar no mercado de mídia alemão, o mais importante da Europa.

A KirchMedia, que emprega 5.500 pessoas, congrega os canais de tevê aberta (ProSiebenSat.1), a distribuidora de filmes e várias produtoras de cinema e televisão. Além disso, detém os direitos de transmissão do Campeonato Alemão de futebol.

Além da KirchMedia, o império Kirch congrega a empresa de tevê por assinatura KirchPayTV e a holding KichBeteiligung. Esta empresa detém 40% do grupo Axel Springer, editor do Bild, o jornal de maior tiragem da Alemanha, e possui os direitos de transmissão das corridas de Fórmula 1.

Quase um quarto dos 44.500 funcionários de rádio e televisão na Alemanha trabalham para as empresas do grupo Kirch. A insolvência da KirchMedia irá afetar todo o setor de radiodifusão e criará instabilidade por algum tempo, estima, Norbert Schneider, presidente do Conselho de Radiodifusão (DLM).

Os analistas prevêm que dentro em breve a KirchPayTV, proprietária do canal por assinatura Premiere, também pedirá concordada. A tevê Premiere é tida como a principal responsável pela crise financeira do KirchGruppe.

Solução alemã

- Os principais credores de Kirch, os bancos Bayerische Landesbank, HVB Group, DZ Bank e Commerzbank, sondaram o grupo Springer tentando encontrar uma "solução alemã", a fim de impedir que a News Corp e a Mediaset assumam o controle do KirchGruppe.

Os políticos alemães já expressaram várias vezes suas reservas quanto à possível entrada de Murdoch e Berlusconi no setor de mídia alemã, tendo em vista as eleições legislativas de setembro próximo.

Pouco antes de pedir concordata, os direitos de televisão das Copas do Mundo de 2002 e 2006 foram transferidos para a filial KirchSport, empresa sediada na Suíça. Esta medida teve o aval dos bancos credores e da Federação Internacional de Futebol (FIFA). Kirch comprou os direitos de transmissão das Copas por 1,9 bilhão de euros (US$ 1,667 bilhão).

Reflexos políticos

- Além das conseqüências negativas no mercado de trabalho e a situação já difícil dos bancos alemães, a insolvência da KirchMedia pode comprometer seriamente a imagem de Edmund Stoiber (CSU), governador da Baviera e candidato da oposição para desafiar o chanceler Gerhard Schröder nas eleições legislativas.

Schröder declarou hoje em entrevista coletiva que o governo agirá "se necessário", para preservar os empregos do grupo, mas que não tem intenção de intrometer-se nos procedimentos jurídicos. O chanceler criticou o papel do Bayerische Landesbank, um dos principais credores de Kirch. O estado da Baviera controla 50% deste banco.

As críticas de Schröder atingem indiretamente Edmund Soiber, cuja plataforma eleitoral está baseada na prosperidade da Baviera e na competência econômica do seu governo.

A concordada da KirchMedia pesou sobre as ações do HVB (HypoVereinsbank), ao qual Kirch deve cerca de 460 milhões de euros (US$ 403 milhões). As ações da empresa perderam quase 3,5% (38,44 euros) nesta segunda-feira e eram as mais fracas do DAX. Os demais títulos bancários também caíram.