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Juncker sai na frente na disputa pela presidência da Comissão Europeia

27 de maio de 2014

Líderes dos principais partidos no Parlamento Europeu pedem que candidato conservador inicie negociações para assumir o cargo. Chefes de Estado e governo ainda precisam aprovar nome.

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Jean-Claude Juncker in Berlin 05.04.2014
Foto: Getty Images

Dois dias depois das eleições europeias, começa em Bruxelas a disputa pela nomeação do cargo de novo presidente da Comissão Europeia. Nesta terça-feira (27/05), os líderes dos principais partidos representados no Parlamento Europeu manifestaram apoio ao conservador Jean-Claude Juncker para a presidência da Comissão Europeia.

"Os presidentes dos partidos pedem que se dê a Jean Claude-Juncker um mandato claro para iniciar negociações com outros grupos políticos", disse o líder dos social-democratas europeus, Hannes Swoboda, após encontro com outros grupos políticos em Bruxelas.

Swoboda sublinhou que o partido do ex-premiê luxemburguês, o Partido Popular Europeu (PPE), "continua a ser o maior grupo no Parlamento", o que poderia facilitar que o candidato consiga agora a maioria necessária para ser escolhido presidente da Comissão Europeia.

Os chefes de Estado e de governo dos 28 países-membros da União Europeia (EU) ainda terão que se reunir, informalmente, para discutir o resultado das eleições europeias. Não somente o posto de presidente da Comissão Europeia está para ser ocupado, mas também o cargo de presidente do Conselho Europeu, a chefia da diplomacia europeia e a presidência do Eurogrupo.

Schulz abre espaço para rival

Em carta ao presidente do Conselho da União Europeia, Herman van Rompuy, os líderes das bancadas políticas no Parlamento Europeu lembraram que o Tratado de Lisboa estipula que os chefes de Estado e governo devem "considerar" os resultados das eleições europeias na escolha de um candidato para os postos de alto escalão em Bruxelas.

Van Rompuy, que se aposentará em novembro, disse há três semanas que é possível que o processo de escolha do novo presidente da Comissão Europeia seja longo: "Precisaremos de duas cúpulas extraordinárias, em julho e em setembro, para chegar a uma solução."

Apesar das perdas em relação às eleições de 2009, no atual pleito europeu, o conservador PPE conseguiu o melhor resultado. Com 213 de 751 assentos, os conservadores formam novamente a bancada mais forte no Parlamento Europeu. Os social-democratas, por sua vez, ficaram na segunda posição, com 189 deputados.

Tanto Juncker quanto o social-democrata Martin Schulz reclamavam para si o posto de presidente da Comissão Europeia. Com a atual decisão dos líderes políticos do Parlamento, Schulz abre espaço para o adversário se tornar o novo presidente da Comissão Europeia.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, que lidera uma coalizão de democrata-cristãos e social-democratas na Alemanha, apoia oficialmente Juncker, embora sem muito entusiasmo. "Vamos às negociações ao lado de Jean-Claude Juncker", disse Merkel.

Divisão entre populistas

Para definir o quadro de pessoal e, no final, se conseguir um Parlamento funcional, que também possa aprovar leis, os conservadores, socialistas, liberais e verdes têm de cooperar, afirma Daniel Gros, chefe do Centro de Estudos de Política Europeia, em Bruxelas.

"Para se chegar a uma maioria, dois ou quatro partidos estabelecidos têm de conversar ainda mais do que antes nos bastidores. Isso é inevitável, mas pode reforçar a impressão de que o processo não é realmente democrático", disse Gros em entrevista à DW.

Só assim, os partidos poderiam reagir ao ganho das forças radicais e eurocéticas no Parlamento. Para os respectivos países, o crescimento da Frente Nacional na França, do UKIP, no Reino Unido, e do Partido do Povo Dinamarquês, na Dinamarca, são uma "catástrofe", disse Gros. Mas para o Parlamento Europeu como um todo, esse aumento não foi tão importante, informou. "Foram recados para os governos nacionais e não para a Europa."

Também o principal candidato dos conservadores, Juncker, que poderá ser o próximo presidente da Comissão Europeia, não disse ver nenhuma mudança dramática de curso político. A política econômica não mudará com o triunfo da Frente Nacional na França, afirmou Juncker. "Eu não acredito que o resultado eleitoral francês tenha influência sobre a política de crescimento e consolidação, que definimos nos últimos anos."

Gros não espera que os populistas de direita ou de esquerda possam ou queriam movimentar, de fato, algo no Parlamento Europeu. "Normalmente, eles não se importam com detalhes de um projeto de lei europeu como, por exemplo, a união bancária. Eles querem ter êxito e marcar pontos em casa."

CA/dpa/afp/lusa/dw