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Islamismo nas escolas: uma meta próxima

Sybille Golte / Peter Philipp (sm)3 de agosto de 2004

O ensino religioso na Alemanha deverá incluir o islamismo como opção para a segunda maior comunidade religiosa do país. Formação de professores é um dos principais obstáculos.

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Nas escolas, Corão deverá ser discutido em alemãoFoto: AP

A política escolar na Alemanha é de competência dos estados. São as Secretarias Estaduais de Educação que estabelecem os padrões para o currículo escolar. No entanto, para o ensino religioso islâmico ainda não existem padrões definidos, embora as escolas alemãs tenham 700 mil crianças islâmicas matriculadas. Alguns estados já incluíram em seus currículos aulas de religião islâmica.

Entre os secretários estaduais da Educação, é unânime a necessidade de complementar o espectro do ensino religioso. E as principais organizações islâmicas do país também consideram esta meta positiva. Afinal, quase 6% dos escolares alemães são muçulmanos, em grande parte de origem turca. A maioria esmagadora das crianças e dos jovens escolarizados são de confissão cristã, mas o islamismo representa a segunda maior comunidade religiosa no país.

Escolas do Corão não bastam

Ainda existem diversas questões em aberto. Para os cursos das religiões evangélica e católica são as duas grandes igrejas que têm autorização de ensino. Quando ao islamismo, não existem instituições com a mesma representatividade, pois a comunidade muçulmana é bem mais fragmentada. Quem deverá ser encarregado, portanto, de formar os professores? Quem deverá dar aula? O que deverá ser ensinado? Neste sentido, existem até agora mais metas do que diretrizes concretas.

Türken in Deutschland Koranschule in Berlin
Escola do Corão, em BerlimFoto: AP

Há muitos anos já existe uma formação religiosa para crianças islâmicas na Alemanha, no entanto, somente nas escolas do Corão, longe de qualquer controle estatal. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, estas escolas passaram a ser observadas mais de perto pelas autoridades de segurança e pela mídia. Em alguns casos, como a Academia Rei Fahd, em Bonn, financiada pelo governo saudita, a pregação tende ao radicalismo.

Mas mesmo sem esta tendência extremista, as escolas do Corão não podem substituir a aula de ensino religioso nas escolas, segundo observa Udo Vollkmer, diretor de escola na Baixa Saxônia: "Nas escolas do Corão, o seu texto é decorado em árabe. Isso significa que as crianças que não dominem perfeitamente a língua mal entendem o conteúdo. Nas nossas escolas, a aula é dada em alemão e inclui um questionamento crítico".

Novo curso universitário para professores

Cada Estado tem um projeto piloto neste sentido. Na Baviera, os professores turcos dão aula em turco; na Baixa Saxônia, na Renânia do Norte-Vestfália e em Berlim, o ensino religioso islâmico é dado em alemão por professores islâmicos de diversos países.

Na Universidade de Münster, o Centro de Estudos Religiosos (Centrum für Religiöse Studien) desenvolve um trabalho pioneiro de formação de professores de religião islâmica. Um pressuposto básico para fazer esta faculdade é a lealdade à Constituição alemã. O professor responsável pela cadeira, Muhammad Sven Kalisch, insiste que ― apesar de isso ser óbvio ― este é um ponto a ser reiterado sempre, sobretudo diante do temor generalizado pelo radicalismo islâmico.

O curso universitário para professores de religião islâmica começa no segundo semestre deste ano. A condição de ingresso no curso é a qualificação de professor ou um curso superior com esta meta. Além disso, os estudantes têm que ser de confissão islâmica.