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Die PARTEI quer chegar ao Parlamento alemão com sátira

Marc von Lüpke-Schwarz (mas)6 de agosto de 2013

Desde 2004, o PARTEI atrai atenção com paródias e graça. Agora, o partido satírico quer chegar ao Parlamento. As chances são mínimas, mas a campanha deve trazer um pouco de diversão à corrida eleitoral alemã.

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Foto: picture-alliance/dpa

Os membros do PARTEI ("partido", em alemão) precisam preencher dois requisitos indispensáveis. O primeiro é uma boa memória. A sigla PARTEI abrevia o nome mais longo que uma agremiação já teve na história da política da Alemanha: Partido do Trabalho, do Estado de Direito, da Proteção dos Animais, da Promoção das Elites e das Iniciativas Democráticas de Base.

O segundo requisito é um estômago forte. O programa do partido ostenta o lema "Das BIER entscheidet" – em tradução livre, "a CERVEJA é o que interessa". A frase faz um jogo de palavras com o slogan, agora anulado, do SPD (Partido Social-Democrata), maior partido da oposição no país: "Das WIR entscheidet" ("o bem comum é o que interessa"). As palavras "Bier" e "Wir" rimam em alemão.

Mas o lema do PARTEI não deve ser entendido apenas como pura ironia. Porque foi bebendo uma cervejinha que Alexander Grupe, presidente da Associação Estadual de Hamburgo do PARTEI, se encontrou com a reportagem da DW em um restaurante em Sankt Pauli, bairro boêmio da cidade do norte da Alemanha e conhecido no mundo todo pelos sexshops e baladas para todos os estilos musicais.

"O desenvolvimento econômico também é importante", riu Grupe, apontando para o ambiente local. O PARTEI tem cerca de 700 membros em Hamburgo, quase nove mil em toda a Alemanha. Eles também já registraram uma vitória eleitoral quase imperceptível: conseguiram eleger um membro para o conselho municipal da cidade de Lübeck (norte), por um curto período. Para isso, bastou a conquista de 1,3% dos votos válidos.

Martin Sonneborn Die Partei Archiv 2009
O PARTEI quer chegar ao Parlamento – visto aqui atrás de Martin SonnebornFoto: picture-alliance/dpa

"Quando o PARTEI foi fundado em 2004 e essa fundação foi publicada na revista Titanic, não pensei muito. Ficou claro para mim como essa iniciativa era boa, e eu queria fazer parte dela de qualquer jeito", relatou Grupe, mencionando o lar espiritual do grupo.

O PARTEI foi fundado pelos editores da Titanic, a segunda maior revista de sátira da Alemanha. Até hoje, Martin Sonneborn, ex-editor da revista, é o presidente nacional do PARTEI. Ações satíricas e paródias são a marca registrada do partido e de seu presidente. Portanto, não adianta procurar o politicamente correto na legenda.

O braço jovem do partido, por exemplo, carrega o nome do secretário geral Thomas Hintner e foi batizado de "Juventude Hintnerista" – uma alusão nada sutil à nazista Juventude Hitlerista. No entanto, de acordo com o próprio partido, os membros do PARTEI se mantêm longe do extremismo, tanto da direita quanto da esquerda: "somos de extremo centro".

Melhorar o mundo

"O partido funciona em vários níveis. De fora, tudo parece diversão e absurdo. Mas também criamos coisas sérias e concretas que melhoram o mundo", constatou Grupe. "Por exemplo, a Constituição alemã foi melhorada por nossa causa."

Um fato que não pode ser negado. Em 2009, o partido foi impedido de participar da eleição legislativa pelo órgão de supervisão das eleições. Um recurso urgente do PARTEI junto ao Tribunal Constitucional Federal fracassou porque a lei então em vigor só permitia uma avaliação depois das eleições, acabando com as chances do partido de concorrer.

Em 2012, o parlamento mudou a lei eleitoral e a Constituição para que os partidos pequenos possam mandar averiguar juridicamente qualquer impedimento de participar das eleições parlamentares – uma importante melhoria para todos os pequenos partidos alemães.

Martin Sonneborn Die Partei Archiv 2004
O partido realiza ações cheias de ironia, como reconstruir parte do Muro de BerlimFoto: picture-alliance/dpa

Porém, os 13 pontos do programa de governo do PARTEI para o caso de uma vitória eleitoral chegam a fazer rir – e plantam dúvidas sobre a seriedade do grupo. Em letras brancas sob fundo vermelho, a legenda titula o programa com as palavras "Conteúdo a ser superado!"

A primeira proposta do PARTEI é a de uma "cota para os preguiçosos", que sugere que 17% dos postos de liderança na economia alemã sejam ocupados com "preguiçosos, ociosos e pessoas que se esquivam de responsabilidades". O ponto 12 diz: "A chanceler alemã Angela Merkel precisa sair! Até o partido dela, a CDU, apoia essa proposta com maioria. Mas nossas exigências vão um pouco além: o PARTEI quer que Merkel seja – assim como seu colega Hosni Mubarak, no Egito – julgada em um tribunal. Naturalmente, dentro de uma jaula."

A sátira substitui a política

Só as eleições legislativas na Alemanha, marcadas para 22 de setembro, mostrarão até que ponto o programa do PARTEI irá realmente convencer os eleitores. Mas ninguém pode acusar o partido de falta de ambição: o objetivo do PARTEI é conseguir "pelo menos 100% dos votos".

Sobre a questão do motivo pelo qual os alemães podem chegar a integrar um partido que é considerado uma piada, a artista Bea Winkler, da Associação Estadual do PARTEI em Hamburgo, explicou: "Se a política se torna uma sátira, a sátira também precisa entrar para a política. O que me interessa também é a ideia de podermos simular um partido político", completou a artista – também bebendo uma cervejinha.

Não se sabe ao certo o que motiva os membros do PARTEI: a seriedade, a diversão, a sátira ou a frustração com os partidos estabelecidos. O partido, no entanto, não pode ser acusado de falta de criatividade. Uma das sugestões para a cidade de Hamburgo é integrar o edifício da Filarmônica do Elba, que começou a ser construído em 2007 e ainda não foi terminado, em uma rede municipal de zepelins – que poderia complementar o sistema de transporte público de forma "razoável".

Mas, primeiro, os membros do partido em Hamburgo, liderados por Alexander Grupe, se preparam, assim como outros membros da legenda pela Alemanha, para a campanha eleitoral. Este ano, o PARTEI foi admitido para a disputa parlamentar alemã – sem nenhuma objeção.