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Social-democracia e cultura

26 de agosto de 2009

Desde as iniciativas de Günter Grass em 1965, SPD saúda apoio de intelectuais. Steinmeier segue tradição. Porém onde antes no lugar de um Helmut Schmidt pianista ou do creme da intelectualidade, está hoje a "Superbabá".

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Günter Grass (e) hoje, ao lado de Steinmeier...Foto: picture-alliance/ dpa
Günter Grass und Willy Brandt
... e em 1976, com o então presidente do SPD, Willy BrandtFoto: picture-alliance/ dpa

Em 2009, Günter Grass atravessará mais uma vez a Alemanha em nome da social-democracia. Embora há muito tempo não faça mais parte dos quadros do partido, o celebrado autor de 81 anos permanece simpatizante fiel do SPD. Este, embora sabendo que cultura sozinha não se vence nenhuma eleição, espera que ela ao menos lhe dê mais fogo e inspiração este ano. O maior trunfo do Partido Social Democrata, contudo, são as caras jovens da cena cultural e do entretenimento.

De Grass a superbabá

Foi assim que recentemente o secretário-geral do SPD, Hubertus Heil, apresentou Katharina Saalfrank, conhecida na TV alemã como "Super Nanny" (Superbabá), como sendo uma "importante conselheira" para o partido. A repercussão foi avassaladora, até porque a própria pedagoga não se mostrava muito interessada em fazer campanha eleitoral.

Katharina Saalfrank
Katharina Saalfrank: superbabá do SPD?Foto: picture-alliance/ZB

Por outro lado, vários atores e escritores se reuniram num site de internet em apoio a Frank-Walter Steinmeier, candidato social-democrata à chefia de governo. O autor Moritz Rinke conta, orgulhoso, como, após uma festa, o atual ministro do Exterior lhe deu carona até em casa, no veículo oficial. Desde então, "Moritz" e "Frank-Walter" se tratam por "você".

Também a jovem escritora Julia Franck aposta em Steinmeier como futuro premiê. Nele, ela descobriu um amante do gênero lírico e, como revela no mesmo site, presenteou-o com um volumoso livro de poesias.

A autora Tanja Dückers, em contrapartida, mostra-se cética: engajamento por causas concretas, sim, propaganda partidária, não. Além disso, ela é da opinião que sua classe deveria ocupar-se da política por meios literários. "A coisa funciona melhor num romance complexo do que no estilo das palavras de ordem de uma campanha eleitoral. É claro que os partidos lucram se os escritores fazem publicidade para eles. Mas o que é que eu ganho em ser mascote eleitoral?!"

"Continue assim!"

O candidato do SPD já provou sobejamente que gosta de ler. Seu empenho em nome da cultura do país é louvado mesmo pelos menos próximos. Na qualidade de ministro das Relações Exteriores, ele cuidou para que a política cultural externa fosse valorizada e os institutos Goethe recebessem mais meios financeiros.

Em seu ministério, promoveu leituras com autores, além de dedicar-se ao fomento do idioma alemão no estrangeiro. Recentemente, ao apresentar seu programa eleitoral "Plano para a Alemanha", o candidato propôs uma aliança envolvendo política, economia e cultura.

Independente de interesses partidários e da propaganda eleitoral, Tanja Dückers considera a ideia boa: "Continue assim!", ela exorta Steinmeier.

Os bons tempos de Brandt

Klaus Harpprecht
Jornalista Klaus HarpprechtFoto: picture-alliance/ dpa

Há décadas, a cultura é tema de eleições para os social-democratas. Figuras de proa intelectuais e aliados carismáticos são ansiosamente procurados, na esperança de que um pouco de seu brilho se reflita sobre o partido, cuja imagem vai especialmente mal este ano.

Um olhar para o passado mostra: com Willy Brandt, chefe do partido entre 1964 e 1987, tudo era mais fácil. Klaus Harpprecht, publicista e companheiro de luta do político social-democrata, recorda:

"A coisa começou em 1965, com o Wahlkontor ["Escritório eleitoral", espécie de programa não-oficial do SPD, redigido por literatos encabeçados por Günter Grass], muito ligado à pessoa de Brandt. E [a intelectualidade] representou um papel maior nas eleições de 1969, nas quais Grass se destacou enormemente. Com isso, Grass conseguiu que boa parte dos intelectuais, mas também artistas, se engajassem pelo SPD. Não esteve sozinho nisso, é claro, muitos outros se empenharam pelo partido".

Piano e artes plásticas

Helmut Schmidt am Klavier
Helmut Schmidt toca um concerto de Mozart em Zurique, 1983Foto: picture-alliance/dpa

Em 1969, Willy Brandt tornou-se chanceler federal à frente de uma grande coalizão. Seus sucessores social-democratas souberam colocar igualmente a arte de seu lado. Helmut Schmidt (1974-1982) brilhou como pianista exímio, apresentando-se ao lado de orquestras profissionais.

Gerhard Schröder (1998-2005) é um entusiasta das artes plásticas, fato comprovado por sua amizade com personalidades do porte de Markus Lüpertz e Jörg Immendorf. Foi Schröder a criar o posto de ministro da Cultura e Mídia, para o qual indicou o eminente publicista Michael Naumann.

Hoje, em contrapartida, as cartas culturais do SPD estão longe de ser extraordinárias. Para chefiar a pasta da Cultura, Steinmeier previu a deputada estadual berlinense Barbara Kisseler, até então praticamente desconhecida.

De uma coisa Klaus Harpprecht está convencido: cultura faz bem a todos, não apenas para o SPD. "Acho que todo partido vivo e atento, e realmente interessado pelas grandes questões de nosso tempo, precisa da cultura. E gostaria que fosse ainda um pouco mais acirrada a concorrência dos partidos em torno dos caminhos certos para a arte e a cultura."

Autor: Cornelia Rabitz / Augusto Valente
Revisão: Roselaine Wandscheer

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