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Insolvência ameaça futebol alemão

mw9 de janeiro de 2004

Presidente da Federação de Futebol não descarta a possibilidade de a onda de falências em clubes italianos e espanhóis chegar à Alemanha. Liga sugere antecipar horário de jogos para arrecadar com transmissão para China.

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Borussia, do brasileiro Éwerthon, prevê déficit de 25 milhõesFoto: AP

O Borussia Dortmund admitiu, enfim, esta semana, que caminha para um déficit de 25 milhões de euros na atual temporada. A eliminação de sua equipe em duas competições européias (Liga dos Campeões e Copa da Uefa) e na Copa da Alemanha ainda antes da metade da temporada impedirá o cumprimento da meta inicial de arrecadação.

Há poucos dias, antes mesmo de o único clube alemão cotado em bolsa de valores abrir o jogo, o presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB) advertiu para o risco de insolvências na primeira divisão do país. Gerhard Mayer-Vorfelder diz não desejar o pior, mas não descarta mais a possibilidade de que a crise de solvência do futebol italiano e espanhol atinja agora a Bundesliga.

Uma possibilidade que, não faz muito tempo, era rechaçada unanimemente na Alemanha. Os dirigentes alegavam que o futebol alemão desfrutava de sólida estrutura financeira, sem ter repetido os erros dos concorrentes mediterrâneos de endividarem-se com a contratação de estrelas mundiais.

"Eu confesso honestamente que não contávamos com uma crise como a do Grupo Kirch", afirma Mayer-Vorfelder, referindo-se à falência em abril de 2002 do detentor dos direitos de transmissão das partidas do futebol alemão. Apesar do fim do atual contrato entre a Liga de Futebol Alemão (DFL) e a empresa suíça de marketing esportivo Infront, o presidente da DFB confia numa melhora da receita futura.

De olho no mercado chinês

A Liga assumiu ela própria a missão de negociar os contratos de televisionamento das partidas do Campeonato Alemão a partir da temporada 2004/2005. A primeira idéia aventada esta semana por seu presidente, Werner Hackmann, esbarrou na rejeição geral.

Gerhard Mayer-Vorfelder, Präsident Deutscher Fußball Verband
Gerhard Mayer-Vorfelder: «Honestamente, não contávamos com uma crise como a do Grupo Kirch»Foto: AP

Hackmann sugeriu antecipar o horário dos jogos de sábado, ou ao menos de um deles, das 15h30 para o meio-dia para facilitar a venda dos direitos de transmissão para a Ásia, sobretudo a China, onde seria grande o interesse e o entusiasmo pelo futebol alemão, desde que a grande estrela chinesa, Jiayi Shao, foi contratado pelo 1860 Munique. O presidente da DFL cita como exemplo a primeira divisão inglesa, que adotou tal fórmula e fatura cinco vezes mais que a alemã.

O não dos clubes à proposta foi unânime. "Isto é besteira. A Bundesliga não tem importância no Extremo Oriente. Não temos para tal os jogadores asiáticos que a Premier League possui para atrair o interesse do público no Japão e na China", reagiu Uli Hoeness. O diretor do Bayern de Munique, entretanto, contemporiza: "Uma idéia desta só faria sentido se houvesse uma proposta concreta."

O técnico do Werder Bremen também descarta a hipótese. "Queremos jogar em estádios cheios, e o meio-dia de sábado é na Alemanha tradicionalmente horário de compras", justifica Thomas Schaaf. Embora o 1860 Munique talvez fosse o maior beneficiado pela proposta, seu presidente não apóia a iniciativa. "Já tivemos jogo transmitido para a China e tivemos 230 milhões de espectadores. Isto basta", afirma Karl-Heinz Wildmoser. Para Gregor Weinreich, do movimento de torcedores Pró 15h30, a antecipação do horário é "idéia de girico".

Empenho de renda

Enquanto a DFL busca solução para a próxima temporada, o Borussia Dortmund procura alternativas para tapar o rombo no orçamento da atual. Alguns jogadores teriam aceitado abrir mão de parte de seus salários. Melhor isso do que correr o risco de deixar de receber em dia. Mas cartolas e atletas silenciam sobre o assunto, após o bafafá inicial nos meios de comunicação.

Já a diretoria estuda a hipótese de empenhar, a longo prazo, a renda de seus futuros jogos como garantia para obter um empréstimo. O clube com maior número de brasileiros contratados é líder de público na Bundesliga, com média de 77.500 pagantes por partida no Westfalenstadion. Porém, o presidente da Federação, Mayer-Vorfelder, desaconselha o negócio. A medida "fecharia no momento uma lacuna, mas a pressão sobre o clube ficaria ainda maior no futuro", diz o dirigente da DFB.