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Justiça

(sm)15 de fevereiro de 2007

Começa o julgamento dos extremistas islâmicos acusados da explosão de quatro trens em Madri em 2004. A promotoria requer pena de quase 40 mil anos para cada um dos sete principais acusados.

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Sentença deverá ser proferida em outubroFoto: AP

Quase três anos após a explosão de quatro trens em Madri, começou nesta quinta-feira (15/02) o julgamento dos extremistas islâmicos responsáveis e cúmplices dos atentados que causaram a morte de 191 pessoas em 2004. Na abertura do "julgamento do século" na capital espanhola, o tribunal interrogou um dos sete principais acusados, o egípcio Rabei Osman Sayed Ahmed.

Rabei Osman Al Sayed
Rabei Osman Sayed AhmedFoto: AP

O réu de 35 anos se recusou a depor. "Não reconheço nenhuma das acusações", declarou El Sayed, conhecido na Espanha como "Mohammed, o egípcio". "Por isso, não vou responder nenhuma pergunta, nem às do meu próprio advogado." O egípcio é considerado um dos principais mentores dos extremistas islâmicos que, em 11 de março de 2004, colocaram 13 bombas em quatro trens da ferrovia espanhola.

Em se tratando do atentado mais avassalador da história da Espanha, os 29 acusados de assassinato e participação em organização terrorista serão julgados pela Corte de Justiça Nacional. A promotoria requereu para cada um dos principais acusados quase 40 mil anos de prisão. Em caso de condenação, a pena máxima prevista pelo direito espanhol seria de 40 anos.

29 no banco de réus

Vinte acusados são de ascendência árabe, em sua maioria provenientes do Marrocos. Além das acusações gerais de participação ou conivência com organização terrorista, alguns deles respondem processo por homicídio terrorista, tentativa de homicídio e destruição de patrimônio público. Outros são acusados de falsificação de documentos, tráfico de drogas para financiar os atentados e aquisição de explosivos.

Nove espanhóis são acusados de cooperar com a compra de explosivos.

Dos principais suspeitos, 11 não estão no banco de réus. Alguns dos mentores estavam entre os sete perseguidos que se mataram três semanas após o ocorrido, explodindo uma bomba antes de a polícia invadir o apartamento onde estavam escondidos. Um parece ter sido morto no Iraque e outros três estão refugiados. Um espanhol menor de idade, acusado de vender explosivos para a organização terrorista, já foi condenado à prisão.

Os sete principais acusados

Bombenanschläge in Madrid
Madri em luto pelas vítimas dos atentadosFoto: AP

Além do egípcio Rabei Osman Sayed Ahmed, os principais acusados são os marroquinos Hassan el Haski (45) – representante do grupo de combate marroquino GICM na Espanha e preso nas Ilhas Canárias em dezembro de 2004 –; Youssef Belhadj (30) – suspeito de ter marcado a data dos atentados e preso na Bélgica em fevereiro de 2005 –; e Jamal Zougam (33), acusado de haver depositado pelo menos uma das mochilas com bombas num dos quatro trens.

Outro marroquino, Abdelmajid Bouchar (23), preso em Belgrado em agosto de 2005, é suspeito de ter mantido contato com os terroristas que se suicidaram três semanas após o atentado. O sírio Basel Ghalyoun também é acusado de ligação com Rabei Osman e outro suposto mentor do atentado, o tunisiano Serhan Ben Abdelmajid Fakhet, que se suicidou com os demais perseguidos para escapar à prisão.

O espanhol José Emilio Suarez Trashorras é acusado de ter providenciado os explosivos para o atentado a bomba. Ele e seu cunhado Antonio Moro Castro também são suspeitos de conivência com a organização terrorista.

Todos esses réus negam as acusações.

Autônomos inspirados na Al Qaeda

Protest in Madrid
Protestos contra o terrorismo na capital espanhola, em março de 2004Foto: AP

O "julgamento do século" foi precedido por longas investigações, encerradas com a conclusão de os atentados foram cometidos por um grupo de extremistas islâmicos residentes na Espanha. Ao planejar os atentados, eles devem ter se inspirado na Al Qaeda, mas não há indícios de nenhum contato direto com esta organização responsável pelos atos de terror de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

O julgamento dura até julho próximo, porém a sentença deverá ser divulgada em outubro.