Inflação brasileira dá leve acelerada e fecha 2013 em 5,91%
10 de janeiro de 2014O Brasil fechou o ano de 2013 com uma inflação de 5,91%, índice acima do registrado em 2012 e do esperado por analistas, mas ainda dentro da meta estipulada pelo governo – que era de 4,5% com uma tolerância de dois pontos percentuais.
Segundo divulgou o IBGE nesta sexta-feira (10/01), só em dezembro o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação real no país, cresceu 0,79% com relação a dezembro de 2012 e 0,92% sobre o mês anterior. Foi o maior aumento de um IPCA mensal desde abril de 2010.
Logo após a divulgação do levantamento do IBGE, o ministro da Fazenda em exercício, Dyogo Oliveira, tentou descartar o pessimismo e afirmou que há 11 anos a inflação no Brasil está sob controle.
"Já esperávamos que dezembro tivesse um índice pouco mais alto por conta do aumento da gasolina, e também por ser um período de férias, as passagens aéreas deram uma contribuição para aumentar esse índice", disse Oliveira.
O ministro também minimizou a frustração das expectativas da Fazenda e do Banco Central governo, que contava com uma redução no aumento da inflação com relação a 2012, quando o IPCA foi de 5,84%. "A diferença é na segunda casa decimal, portanto tivemos um índice praticamente estável com relação ao ano anterior", afirmou Oliveira a jornalistas na entrada do ministério, em Brasília.
Este foi o quarto ano seguido que o IPCA ficou acima do centro da meta estabelecida pelo Banco Central, de 4,5% ao ano. Mas a taxa acumulada ficou dentro da variação de 2% para mais ou para menos deste centro – ou seja, de 2,5% a 6,5% – tolerada pela equipe econômica. Em 2011 a inflação de 6,5% bateu na trave desta meta, e em 2010 ela foi de 5,91%.
Inflação x crescimento
Para André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, o governo mantém-se cauteloso no controle da inflação para não prejudicar o crescimento. Braz ressalta que a taxa acumulada em 2013 de certa maneira preocupa, pois a equipe econômica do governo tomou algumas medidas consideradas "atípicas" – como a revisão nos contratos de energia, barateando-a em 18%, e redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) –com o claro intuito de conter aumento dos preços. Ainda assim a inflação sofreu um leve aumento.
O economista defende que o governo implante melhores mecanismos de controle sobre produtos cujos preços são "monitorados" pelo governo – como petróleo, emprego, telefonia e transporte público – para que os reajustes ocorram de maneira gradativa e, a exemplo de dezembro passado, não acabem pressionando a inflação em momentos inoportunos.
"A expectativa agora é de que em 2014 a inflação seja ainda mais alta do que em 2013, algo próximo ou mesmo superior a 6%, pois esses preços monitorados devem pesar mais", prevê o economista. "Mas, claro, temos que lembrar que este é um ano eleitoral, e preços não costumam sofrer reajustes nessa época".
Alimentação, bebidas, transporte
De acordo com o IBGE, o grupo "Alimentação e Bebidas" puxou para cima a inflação do ano passado, com um aumento de preços que chegou a 8,48% - ainda assim, cifra menor que a de 2012, 9,86%. Os gastos deste setor responderam por 34% do IPCA registrado em 2013.
O segundo maior impacto sobre a inflação deu-se no grupo "Despesas Pessoais", com pressão dos maiores gastos das famílias principalmente com empregados domésticos, cigarro, manicure, hotel. Em 2013 foi registrado um crescimento de 8,39%. Já o grupo "Educação" foi o terceiro a pressionar a inflação, com aumento de 7,94%
Embora os gastos com "Transporte" tenham respondido por apenas 0,64 ponto percentual na taxa acumulada de 2013, na comparação de dezembro com novembro o aumento neste setor foi de 1,85%, sendo responsável por quase um terço da inflação registrada nos últimos 30 dias do ano.