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Imprensa européia critica resultados da cúpula de Hong Kong

(rsr)19 de dezembro de 2005

Entre as decisões tomadas na conferência da Organização Mundial do Comércio, está o corte de subvenções agrárias até 2013. Falta de resultados concretos é criticada por analistas.

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Jornais europeus consideraram encontro da OMC sem grandes resultadosFoto: dpa

O encontro realizado na Ásia é tema dos principais periódicos que circulam na Europa. O jornal Frankfurter Rundschau teceu duras críticas à conferência: "Na política comercial, o norte não só joga de forma injusta, mas sim comete falta. Nisso, o compromisso de Hong Kong não muda nada".

"Os países ricos vêm muito tarde e muito pouco ao encontro dos pobres", ressalta o jornal. "O norte precisa compreender que deve se movimentar de forma mais rápida". O texto prossegue lembrando que "as sociedades aqui de cima devem alterar o ponto de vista e aprender a renunciar".

O Financial Times Deutschland, de Hamburgo, destacou que a cúpula contribuiu para que as negociações tenham prosseguimento. "Fora isso, não aconteceu muita coisa", escreveu o periódico. "Para a indústria na Alemanha e em outras partes da Europa, o acordo de Hong Kong não traz nenhuma vantagem concreta".

Perda de poder

WTO Konferenz in Hongkong G20 Einigung
Jornal alemão critica "arranjo" para evitar discussões mais sériasFoto: AP

Já o Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ)classificou o resultado da conferência como uma tentativa de colocar panos quentes na situação. "A OMC tinha deixado de lado pontos controversos e com isso, evitado uma discussão semelhante como há dois anos atrás em Cancún", destacou o texto.

"O número de protestos e atos de violência foram menores que anteriormente. A Organização Mundial do Comércio não se enfraquece com críticas de fora, mas sim com a falta de unidade interna", constata o FAZ.

O periódico prossegue o artigo dando espaço para a presença de países como o Brasil. "O tempo em que a Europa e os Estados Unidos comandavam já se foram. Três quartos dos 150 países integrantes da OMC são nações em desenvolvimento", alerta o jornal.

Repercussão francesa

Pascal Lamy WTO
Les Echos destacou nervos de aço do diretor-geral da OMCFoto: dpa - Bildfunk

A imprensa da França também recebeu as conclusões da cúpula de Hong Kong com ceticismo. O jornal Libération, de Paris, lançou a pergunta sobre a relação entre os resultados obtidos na cúpula da UE em Bruxelas e a reunião de Hong Kong. "Em negociações nos moldes da OMC, ninguém pensa no outro, mas sim em si mesmo", dispara o periódico.

Já o Les Echos elogiou as habilidades de negociação da chanceler federal da Alemanha Angela Merkel e do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy. "Duas personalidades tão distintas quanto Lamy e Merkel confirmaram, cada um de sua forma, quão significativo foi o fim de semana".

O texto considerou Lamy como um jogador de pôquer com nervos de aço, que conseguiu evitar que as negociações sobre o comércio mundial fossem bloqueadas.

Sobre Merkel, o Les Echos escreveu que "com uma habilidade tática permitiu que a parceria teuto-francesa assumisse papel principal, sem humilhar Tony Blair – e isso poupou a União Européia de uma outra crise desastrosa".

Acordos e salsichas

WTO Globalisierungsgegner blokieren eine Straße in Hong Kong
Protestos nas ruas de Hong Kong foram condenados pelo The TimesFoto: AP

O conservativo jornal britânico The Times comparou a aprovação de acordos econômicos mundiais com a produção de salsichas. "Não se repara muito como elas são feitas. E isso vale especialmente para a cúpula de Hong Kong, que acabou com um acordo esboçado".

Para o jornal, não foi positiva a combinação de maratonas de negociações sem sono e os protestos sem sentido sob o comando de agricultores sul-coreanos nas ruas. "O texto final poderia (e deveria) ter sido orientado mais para o futuro", aconselha o The Times.

Na Espanha, o diário La Vanguardia, de Barcelona, afirmou que "as perspectivas do encontro eram tão nebulosas, que o menor compromisso firmado pode ser considerado um sucesso".

O periódico ressaltou que apesar de os entusiastas por um comércio mundial livre precisarem de paciência, haverá até 2013 a eliminação gradativa dos subsídios à exportação de produtos agrícolas.