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Imprensa alemã vê apego às glórias do passado na escolha de Felipão

29 de novembro de 2012

Nomeação da dupla Scolari e Parreira para comando da seleção brasileira é tida pela mídia alemã como uma aposta no passado. Escolha é indício "involuntário" do envelhecimento da hegemonia brasileira no futebol mundial.

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Luiz Felipe ScolariFoto: EVARISTO SA/AFP/Getty Images

A nomeação da dupla Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira para o comando da seleção brasileira foi recebida na mídia alemã como uma aposta no passado de um futebol que perdeu o rumo da história.

"Brasil aposta nos 'de sempre'", afirmou a edição eletrônica do jornal Die Welt. "Faça de novo, Felipão", brincou a agência de notícias alemã DPA. "Duas velhas raposas do futebol devem recolocar o barco avariado do futebol brasileiro em seu curso", observou a agência SID.

O tom da imprensa do país não difere muito da opinião do campeão mundial em 74 pela Alemanha Paul Breitner, que vê o futebol brasileiro amarrado nas glórias antigas. "Os problemas do futebol brasileiro não podem ser resolvidos trocando o treinador duas, cinco ou dez vezes", comentou à SporTV.

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Para Paul Breitner, futebol do Brasil "parou no tempo"

"Acho que os brasileiros estiveram dormindo nos últimos 10 ou 15 anos ou pensam 'somos os melhores do mundo para sempre'", alfinetou Breitner na quarta-feira, durante a feira Soccerex, no Rio de Janeiro, antes de sugerir que o Brasil siga o estilo dinâmico da seleção espanhola e do Barcelona, caso queira ter alguma chance no Mundial de 2014.

"O Brasil confia em seus dois últimos mestres", comenta o correspondente do Die Welt, após lembrar que o técnico Felipão volta ao posto depois de ter deixado o cargo logo em seguida à conquista da Copa de 2002 (ganhando a final contra a equipe alemã) e que o novo coordenador técnico, Parreira, retorna depois do sucesso como treinador do tetracampeonato de 94 e de uma passagem menos feliz como treinador na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha.

"Hegemonia brasileira envelheceu"

O jornal observa que "o resgate de grandes nomes segue uma tradição num país onde alguém como Mário Zagallo já participou de seis Copas do Mundo nas mais variadas funções", afirmando ser esse "um indício involuntário de como o domínio brasileiro no futebol envelheceu".

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Parreira comandou a seleção nas Copas de 1994 e 2006Foto: AP

O diário constata, ainda, que "o futebol brasileiro parece não estar mais à altura dos novos tempos", ocupando atualmente o 13° lugar no ranking da Fifa.

"Felipão é temido, respeitado e amado tanto pelos jogadores quanto pelos jornalistas", ressalta a DPA. Ele é um "guerreiro", com "temperamento, paixão e humor, que reúne muito do que faltava a seus antecessores Dunga e Menezes", complementa o correspondente da agência.

Poder de motivação

Scolari é considerado pelos veículos alemães uma figura carismática e excêntrica, apegado ao futebol de resultados e cujas qualidades incluem um grande poder de motivação, que poderá contribuir para "injetar o espírito de luta necessário" à equipe. A agência de notícias SID, especializada em esportes, destaca que o novo treinador terá um ano e meio para unir o grupo "em uma família Scolari".

Entre as vozes contrárias à contratação de Scolari, a imprensa alemã citou o capitão da seleção tricampeã, Carlos Alberto Torres. De acordo com a agência SID, Torres frisou que seria melhor contratar alguém "que é o melhor agora e não alguém que foi o melhor dez anos atrás".

Autor: Marcio Damasceno
Revisão: Alexandre Schossler