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Entre oportunismo político e 'boot camps'

7 de janeiro de 2008

Discussão também ilumina pontos fracos dos dois pólos da coalizão alemã de governo, social-democratas (SPD) e democrata-cristãos / social-cristãos (CDU/CSU).

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Casa de correção juvenil em Leonberg HolzstückeFoto: picture-alliance/ dpa

A discussão sobre um eventual endurecimento das leis de combate à delinqüência juvenil domina o noticiário da Alemanha. Políticos conservadores apontam soluções inspiradas nos boot camps norte-americanos, discutíveis tanto do ponto de vista de seus métodos quanto da eficiência.

O debate também ilumina pontos sensíveis dos dois pólos da coalizão alemã de governo: de um lado, os social-democratas (SPD), do outro os democrata-cristãos / social-cristãos (CDU/CSU).

Sob o título A nova fraqueza de Angela Merkel, o jornal Süddeutsche Zeitung, de Munique, condena o posicionamento da premiê:

Deutschland Justiz Jugendkriminalität Niedersachsen Ministerpräsident Christian Wulff
Christian Wulff (CDU) adota linha liberalFoto: AP

"Assim a chanceler federal destrói o que laboriosamente construiu. Ela contradiz sua linha de política social, declaradamente moderada. Ela enfraquece tanto sua Cúpula de Integração quanto a Conferência Islâmica de Wolfgang Schäuble; faz o slogan de seu partido – 'O centro' – parecer uma tática barata. E, ao apoiar uma campanha com ressonâncias xenófobas, põe em perigo – a coisa beira o absurdo – o sucesso dos dois outros candidatos da CDU [Christian Wulff e Ole von Beust]. Pois esta campanha polariza onde outros desejariam aproximar. Wulff, da Baixa Saxônia, e Von Beust, de Hamburgo, querem competir pelos votos de forma liberal, aberta."

A crítica do Wiesbadener Kurier é igualmente severa:

"O fato de a chefe de governo Angela Merkel apoiar se tal forma seu vice Roland Koch, contra suas declarações anteriores, demonstra o quanto as eleições parlamentares em Hessen estão em foco para a CDU. O baixo-saxão Christian Wulff, cujo destino também se decidirá em 27 de janeiro, já pode contar com a reeleição, aqui a bancada federal da CDU não precisa se esforçar muito. Koch, ao contrário, tem motivos para temer. Por isso, assim como o partido, apela para o tema 'estrangeiros'. Uma excelente maneira de fazer campanha. E depois ainda poder dizer, com ar inocente: 'Mas é preciso podermos falar do tema!'"

O Frankfurter Rundschau dirige seu ataque ao SPD:

"Os primeiros dias do novo ano revelam todo o dilema do SPD: apesar da sensação de força, o partido ainda mostra debilidades estratégicas. Falta-lhe instinto para os temas populares, ele reage lento demais aos acontecimentos atuais. Como agora, em relação à delinqüência juvenil, onde continua sem encontrar uma receita para rebater com êxito as reivindicações de law and order dos conservadores. Assim, o SPD entra num ano difícil e, para seu líder [Kurt Beck], decisivo. Os social-democratas precisam provar em 2008 se ainda possuem o força de um verdadeiro partido de governo e se Beck pode constituir um desafio sério para Merkel, a qual paira acima de todas as coisas."

O Münchener Merkur não está do lado nem do SPD, nem da CDU/CSU, no tocante ao código penal juvenil:

Deutschland Hessen Ministerpräsident Roland Koch
Roland Koch instrumentaliza casos de violência para sua campanhaFoto: AP

"Deste modo, o cidadão sai do fogo para a frigideira. No metrô, jovens brutais espancam, do lado de fora os políticos fazem baderna. A CDU/CSU apresenta um catálogo para aumento do rigor penal, o chefe do SPD responde com um veto sumário. Isto é arruaça eleitoreira, em vez de solução de problemas. As pessoas reagem irritadas, com razão: trata-se da sua própria segurança. Na qualidade de contribuintes, investem muito dinheiro em justiça, polícia e partidos, para ouvir sábios conselhos sobre como enfrentar os espancadores com mais coragem civil. Nem todo o mundo nasceu para herói. E nem todo o mundo tem vontade de ter seu nariz quebrado por alguém que um juiz de menores sobrecarregado voltará a soltar em seguida."

O Fuldaer Zeitung aborda a ilusão de que leis mais duras garantam menos violência:

"Aqueles que, como que por reflexo, clamam por leis mais severas, crêem seriamente que isso mudaria algo? É mesmo pouco provável que – no momento em que chuta brutalmente sua vítima – o agressor principal de Munique tenha considerado a punição a que se expunha. Em diversos estados norte-americanos há a pena de morte. Segundo a lógica dos linha-dura, tal deveria intimidar os assassinos em potencial. Não é o caso: o número de homicídios nos EUA é consideravelmente mais elevado do que na Alemanha." (av)