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"Impeachment não vai acontecer", diz Lula

Karina Gomes, de Berlim9 de dezembro de 2015

Em Berlim, ex-presidente afirma que Dilma terminará mandato e chama processo de impeachment de golpe. Questionado sobre candidatura nas próximas eleições, Lula não descarta possibilidade.

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Foto: DW/K. Gomes

Em visita a Berlim, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (09/12) que o processo de impeachment contra Dilma Rousseff é um "golpe" de setores que tentam "criminalizar" o Partido dos Trabalhadores (PT) e impedir que a presidente conclua o segundo mandato.

"Há uma doença mental no meu país de que é preciso destruir o Lula, senão ele vai querer voltar em 2018", afirmou em palestra na Fundação Friedrich Ebert, ligada ao Partido Social-Democrata (SPD) da Alemanha. No entanto, ao ser questionado se irá se candidatar nas próximas eleições presidenciais, Lula não descartou totalmente essa possibilidade.

"Não sei se estarei vivo e fico pedindo a Deus para que apareçam novos candidatos, com energia e que queiram mudar o país. Se alguém estiver disposto a tirar os direitos dos trabalhadores, eu não teria nenhum problema em concorrer outra vez", disse sob aplausos de dezenas de militantes do PT que estavam na plateia.

O ex-presidente aproveitou o momento para defender Dilma Rousseff e condenar o impeachment, que classificou como ilegal e golpe contra o Estado democrático de Direito. "E eu acho que por isso não vai acontecer", afirmou.

Lula sobre o impeachment em Berlim

"Torcemos para que tudo termine logo e que a presidente Dilma possa governar o Brasil e recuperar a sua capacidade de crescimento. O país está paralisado há quase um ano", ressaltou Lula, garantindo que a presidente termina o mandato em 2018.

Ele defendeu ainda que Dilma precisa de tranquilidade para atravessar o momento de crise política e econômica, em meio a denúncias de corrupção envolvendo, sobretudo, a Petrobras.

"O processo de apuração de casos de corrupção só existe por causa do PT. Eu não sabia, a Polícia Federal não sabia, assim como a imprensa e o Ministério Público não sabiam. Durante os 12 anos em que governei o país nunca ouvi dizer que havia corrupção na Petrobras", disse.

Conferência do SPD

Antes da palestra, Lula participou da Conferência Internacional do Congresso do SPD, que contou com a presença do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schultz.

A 300 delegados de 40 países, Lula afirmou que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, aceitou o pedido de impeachment "por vingança", já que parlamentares do PT não o apoiaram no processo que corre contra ele no Conselho de Ética da Câmara.

O ex-presidente voltou a defender Dilma, ao ressaltar que não há nenhuma acusação que pese contra ela. "Não tem nenhum ato ilegal cometido pela presidenta." Lula também criticou a votação para a escolha dos deputados que irão integrar a comissão do impeachment.

"Numa afronta jamais vista no país", Cunha não aceitou a lista dos partidos e resolveu realizar a votação secreta para compor a comissão do impeachment, disse Lula.

O ex-presidente viaja nesta quinta-feira a Madri, onde será recebido pelo rei Felipe 6° no Palácio La Zarzuela.