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Ilhas Faroé

28 de outubro de 2011

Pesquisadores mapearão genes dos 50 mil habitantes das Ilhas Faroé, localizadas no Atlântico Norte, e esperam que o banco de dados revele novas informações sobre padrões de saúde no arquipélago.

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Nativos das Ilhas FaroéFoto: cc-by-sa-Erik Christensen

Numa conferência sobre genética realizada no final de setembro nos Estados Unidos, um cientista britânico anunciou que pesquisadores do Reino Unido e da Dinamarca começariam um ambicioso projeto de sequenciamento genético voluntário do DNA de todos os 50 mil residentes das Ilhas Faroé.

"O objetivo do projeto é ter informação genômica anexada aos arquivos de saúde de cada indivíduo das Ilhas Faroé", disse Bogi Eliasen, diretora do projeto, conhecido como FarGen. O arquipélago é uma nação autônoma dentro do Reino da Dinamarca, situado entre a Escócia e a Islândia.

Desde que o genoma humano foi sequenciado pela primeira vez, em 2001, cientistas de todo o mundo têm aproveitado o equipamento desenvolvido (mais barato e mais rápido), capaz de sequenciar o material genético em tempo recorde. O que teria um custo de bilhões há apenas uma década agora custa cerca de 35 milhões de euros.
 
A informação genética recolhida de cada voluntário será armazenado num banco de dados, e então usada pelos médicos para ajudar a diagnosticar e prevenir doenças, principalmente genéticas.

Um dos principais parceiros no projeto FarGen é o European Bioinformatics Institute (EMBL-EBI), do Reino Unido. O instituto possui o maior e mais abrangente banco de dados genéticos da Europa.
 
"Embora existam alguns aspectos específicos de doenças raras nas Ilhas Faroé, a incidência da maioria das doenças é exatamente a mesma que nos outros europeus", disse o pesquisador Paul Flicek, do EBI e membro do conselho consultivo do FarGen.

Färöer Tinganes Halbinsel
O paradisíaco cenário das Ilhas FaroéFoto: cc-by-sa-Erik Christensen

"Em alguns casos, eles parecem mesmo ser mais saudáveis. Assim poderemos aprender sobre isso, também."

Ele acrescentou que, além dos ganhos para os pacientes, médicos e funcionários de saúde pública esperam aprender mais sobre como estudar uma população maior de uma única vez. 

No entanto, saber que genes estão relacionados com o que é apenas o ponto de partida quando se trata da saúde humana. Cientistas dizem que apenas uma pequena fração do genoma codifica proteínas que são essenciais à vida – o resto continua sendo um mistério.

Por isso as esperanças de uma enxurrada de novas terapias genéticas não se concretizaram tão rapidamente quanto o esperado, apesar dos avanços na área.

Assim, parte da comunidade médica não está convencida de que um projeto de sequenciamento genético de larga escala, como esse, vá realmente ter impacto imediato em tratamentos médicos.

"A ideia de que você poderia ser alertado de que vai ter uma doença cardíaca, câncer ou diabetes e poderia começar o tratamento antes mesmo de ficar doente deixou de ser crível, exceto em algumas circunstâncias específicas", diz Helen Wallace, chefe do GeneWatch UK, um grupo britânico que monitora o uso de tratamentos genéticos.

Mas os pesquisadores da FraGen argumentam que, como as Ilhas Faroé estão relativamente isoladas, podem emergir novos padrões quando o sequenciamento genético for confrontado com registros mais antigos.

"Isso acontece porque as Ilhas Faroé são um caso específico. Temos registros genealógicos que remontam, em alguns casos, a 1650. Temos todos esses sistemas digitalizados", acrescentou Eliassen.

 Autor: Robin Powell (bv)
Revisão: Alexandre Schossler