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Discursos de Natal

(gh)24 de dezembro de 2006

Presidente do Conselho das Igrejas Luteranas na Alemanha diz que parte do empresariado não tem responsabilidade social. Köhler exige coerência dos partidos. Merkel pede mais solidariedade. Papa teme choque das culturas.

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Culto ecumênico de Natal ao ar livre em Dresden, na noite de sábado (23/12)Foto: AP

Em suas tradicionais mensagens de Natal, líderes políticos e religiosos alemães abordaram problemas sociais e econômicos do país, criticaram os altos salários dos executivos e pediram mais solidariedade para com os pobres. O papa Bento 16 fez uma advertência contra o risco de um choque das culturas.

O presidente do Conselho das Igrejas Luteranas na Alemanha (EKD), bispo Wolfgang Huber, acusou parte do empresariado de não demonstrar responsabilidade social. "Especialmente nos grandes conglomerados parece que a única coisa que interessa é a cotação das ações", disse Huber.

Der Ratsvorsitzende der Evangelischen Kirche in Deutschland (EKD), Wolfgang Huber,
Huber: grandes empresas só pensam na cotação das açõesFoto: AP

Segundo o bispo, "é preciso acabar urgentemente com essa mentalidade. Quem mede o desempenho dos executivos apenas pela cotação das ações perde a credibilidade". Ele disse que o salário médio anual de um trabalhador alemão gira em torno de 40 mil euros. "Se um executivo ganha 20 milhões de euros por ano, isso contraria qualquer noção de justiça", afirmou.

O crescente lucro, resultante da atual recuperação da economia, deveria ser investido para criar novos postos de trabalho e não ser usurpado por poucos, disse o bispo. Huber ressaltou, porém, que não faz uma acusação generalizada ao empresariado alemão. "Há muitas empresas que, de fato, se empenham pela manutenção dos empregos".

Köhler pede coerência aos políticos

O presidente alemão, Horst Köhler, mostrou também em sua mensagem de Natal, transmitida pela rede de televisão pública do país neste sábado (24/12), que não teme conflitos. Ele conclamou os partidos a realizarem uma política coerente e confiável.

Bundespräsident Horst Köhler Weihnachtsansprache 2006
Köhler pediu coerência e constância aos políticosFoto: picture-alliance/ dpa

"Fazer uma boa política significa, em primeiro lugar, ser franco na avaliação de nossos pontos fortes e fracos. É estabelecer metas e deixar medir seu desempenho a partir destas metas. Significa também agir com constância e coerência", disse Köhler.

"Não podemos esperar que isso seja sempre possível sem brigas", acrescentou. O presidente foi duramente criticado pelos partidos da coalizão governamental (CDU/CSU e SPD), nas últimas semanas, por ter vetado duas leis aprovadas pelo Bundestag (câmara baixa do Parlamento).

Köhler disse que o maior desafio para a Alemanha em 2007 continuará sendo a luta contra o desemprego, que atinge 4,5 milhões de pessoas no país. "Esta é também a resposta decisiva à pobreza e à marginalização", disse.

A chanceler federal Angela Merkel conclamou os alemães a serem mais solidários com os necessitados. "Mais importante do que determinados presentes, talvez seja ter tempo para pessoas que passam necessidade, estão doentes ou vivem sozinhas em nossa sociedade", disse.

Papa aborda choque das culturas

Papst Benedikt winkt Pilgern auf dem Petersplatz zu Maria Empfängnis
Papa abordou choque das culturas e religiõesFoto: AP

O papa Bento 16 incluiu em sua mensagem de fim de ano uma advertência contra a ameaça de um choque das culturas e religiões. "Uma sociedade secularizada, cujas decisões se baseiam demasiadamente na razão e na lógica, não consegue conduzir um verdadeiro diálogo das religiões", disse o papa na sexta-feira (22/12). "Se ela continuar se opondo a questões relativas a Deus, no final, isso levará a um choque das culturas", acrescentou.

Durante sua viagem à Baviera, em setembro deste ano, Bento 16 proferiu uma palestra em Regenburg na qual citou um imperador bizantino, que havia classificado o islã como uma religião violenta e intolerante.

A citação provocou protestos no mundo islâmico, especialmente na Turquia, o primeiro país muçulmano visitado pelo atual papa, no final de novembro. Bento 16 disse que "os cristãos se sentem unidos a todos os muçulmanos que, por convicção religiosa, rejeitam a violência".

O presidente da Conferência dos Bispos Alemães, cardeal Karl Lehmann, disse que "nenhuma pessoa deve, em sua liberdade, ser subordinada a outra ou instrumentalizada para qualquer fim".