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Homossexualismo gera crise política

ef20 de agosto de 2003

O governo de Hamburgo entrou em crise por causa de uma suposta ameaça de divulgação de relação homossexual do prefeito com o secretário da Justiça.

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Protagonista do escândalo, Ronald SchillFoto: AP

O prefeito Ole von Beust, demitiu, sumariamente, na terça-feira (19), o número dois do seu governo de coalizão centro-direita, o político conservador polêmico Ronald Schill. Beust justificou que Schill ameaçou publicar a suposta relação homossexual do prefeito com o responsável pela pasta da Justiça, Roger Kusch, caso ele demitisse o conselheiro Walter Wellinghausen.

Klaus Wowereit
Klaus Wowereit assumiu seu homossexualismo no discurso de agradecimento pela sua eleição indireta como prefeito de BerlimFoto: AP

O demitido jura que nunca fez tal chantagem e exige a renúncia do prefeito e nisso tem o apoio indireto dos adversários políticos, que estão aproveitando o escândalo para cobrar uma convocação de eleições antecipadas. O conselheiro para questões do interior, Wellinghausen também ficou sem o seu emprego na prefeitura. Ele foi mandado para casa com uma aposentadoria precoce, sob acusação de exercer atividades paralelas.

Novas eleições?

O prefeito não deu satisfação alguma sobre sua tendência sexual e rejeita as exigências para convocação de novas eleições, feitas pelos partidos verde e social-democrata (SPD), de oposição local. O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, justificou a exigência dos social-democratas e lamentou "o espetáculo macabro" protagonizado pelo prefeito e seu vice.

O secretário-geral do SPD, que também preside o partido em Hamburgo, Olaf Scholz, lamentou igualmente que o escândalo tenha chegado ao mais baixo nível da política local. Scholz acusa o prefeito de covardia por não querer convocar novas eleições para a prefeitura. A cidade de Hamburgo é governada há quase dois anos por uma coalizão entre a legenda do prefeito, a União Democrata Cristã (CDU), o Partido Liberal (FDP) e o Partido da Ofensiva do Estado de Direito, fundado por Schill. Este mantém o seu mandato de deputado.

Festa e indignação -

Não está claro se o direitista Schill quis ou não chantagear o prefeito. Nem o debate gira sobre a preferência sexual do prefeito. O fato é que o escândalo pegou mal para o suposto chantagista. Mais de duas mil pessoas festejaram, ruidosamente, a demissão do número dois do governo de coalizão centro-direita de Hamburgo, Ronald Schill. Quase 800 policiais tiveram que entrar em ação para conter os ânimos numa manifestação, que durou quase toda a noite, em Hamburgo, com cartazes irreverentes, foguetes, quebradeira e algumas agressões contra policiais.

No cenário nacional, muitos políticos e entidades de classe mostraram indignação com a sua conduta de Schill. A presidenta nacional da CDU, Angela Merkel, prometeu apoiar o prefeito injuriado. O presidente do FDP, Guido Westerwelle, fez o mesmo. A Federação dos Sindicatos Alemães (DGB) e o Sindicato dos Policiais saudaram a demissão do suposto chantagista.