Marines superstars
8 de abril de 2007Os 15 militares da Marinha britânica libertados na última quarta-feira (04/04) pelo Irã poderão vender à mídia sua história dos 13 dias de cativeiro. O Ministério da Defesa de Londres admitiu tratar-se de uma quebra de regras, contudo concedeu a permissão por motivos "pragmáticos", devido ao enorme interesse público. "Consideramos as condições excepcionais", justificou uma porta-voz do órgão.
Gol contra de Londres
A decisão foi prontamente criticada pelo coronel Bob Stewart, ex-comandante do contingente do Exército inglês nas forças de paz da Bósnia. Segundo ele, Londres está jogando a favor dos iranianos.
"A coisa é sem precedentes", declarou à BBC. Ele lembrou que a captura dos marines pelo Irã " dificilmente pode ser considerada um dos momentos mais gloriosos na história da Marinha real".
Quanto à provável reação de Teerã, Stewart declarou: "Acho que eles nos considerarão completamente loucos. Provavelmente dirão: 'Ainda bem que nos livramos deles, pois eles estão se autodestruindo, sem termos que fazer nada'."
Blair ignorou "apelo humanitário" do Irã
O fuzileiro naval Joe Tindell, de 21 anos, relatou que alguns dos detidos estavam certo de que seriam executados. De olhos vendados e mãos atadas, ele próprio pensou a certa altura que o pescoço de um de seus companheiros fora cortado.
Esta versão dos eventos colide com as imagens mostradas pela TV iraniana, onde parte do grupo é vista aparentemente relaxada e fazendo piadas. Ali Akbar Javanfekr, porta-voz do presidente Mahmud Ahmadinedjad, afirma que a sugestão de maus tratos é "uma mentira".
"Previmos que os 15 marinheiros seriam submetidos a pressões pela segurança e o serviço secreto britânicos. Por esta razão o presidente Ahmadinedjad pediu ao premiê Tony Blair que não pressionasse os soldados, por haverem dito a verdade. Porém ele não escutou esse apelo humanitário."
Cativeiro lucrativo
O impasse em torno os 15 marines capturados no Golfo Pérsico fez manchetes, não só no Reino Unido como em todo o mundo. Vários dos marinheiros e fuzileiros navais, em especial Faye Turney, de 26 anos, ficaram conhecidos, depois de aparecerem na televisão iraniana.
O Sunday Times calcula que o grupo pode lucrar até 250 mil libras esterlinas (370 mil euros) com o evento. Somente a história de Turney, na qualidade de única mulher entre os seqüestrados, vale cerca de 220 mil euros, especula o periódico inglês.
Alguns oposicionistas britânicos temem que a decisão acarreta perda de popularidade para as Forças Armadas nacionais.