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Grécia se despede, Itália assume

rw1 de julho de 2003

Firmeza e prudência marcaram os seis meses da Grécia na presidência semestral rotativa da União Européia. Itália assume, marcada pela expectativa dos demais países membros sobre papel de Sílvio Berlusconi.

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Nesta segunda-feira (30), a Grécia entregou com um balanço positivo à Itália a presidência semestral rotativa da União Européia (UE). Atenas entrega o bastão consciente de ter feito uma boa administração, numa época em que a comunidade foi confrontada com a pior crise dos últimos anos.

A guerra no Iraque dividiu as nações européias em aliados dos Estados Unidos e críticos à intervenção armada. O ponto alto da cisão foi marcado pela carta aberta pró-americana e contra as posições pacifistas da Alemanha e da França, assinada por oito chefes de governo da UE, no final de janeiro.

O primeiro-ministro Costas Simitis e seu ministro das Relações Exteriores, Georgios Papandreou, no entanto, encaminharam a trilha da conciliação. Convocaram às pressas um encontro de cúpula extraordinário, onde as divergências em relação ao Iraque não foram removidas, mas os chefes de Estado e de governo resolveram concentrar-se numa política externa e de segurança comum.

Graças a este esforço conjunto, puderam ser aprovadas na cúpula de Salônica, há duas semanas, um conceito para uma estratégia européia de segurança e o projeto da primeira constituição para a União Européia.

Tarefas difíceis

Demonstrando que foi superada a crise gerada na comunidade por causa do Iraque, Gerhard Schröder destaca dois momentos da presidência grega que considera decisivos e realmente históricos. "Em primeiro lugar, foi ratificado o tratado para a ampliação da União Européia em direção ao leste do continente. Em segundo, a Europa receberá uma constituição", disse o chanceler federal alemão.

Embora o projeto de constituição tenha sido apresentado em Salônica, seus acertos finais – e detalhes mais polêmicos – estão a cargo da presidência italiana. Enquanto os gregos levaram os louros pela apresentação do projeto, a Itália terá de descascar vários abacaxis, como a controvertida reforma na concessão de subvenções agrícolas.

Simitis e Papandreou teriam desempenhado tão bem seu papel, que nos bastidores já se fala em postos que poderiam ocupar em Bruxelas. Enquanto Simitis é visto como provável sucessor de Romano Prodi na presidência da Comissão Européia, Papandreou poderia ser o primeiro ministro das Relações Exteriores da comunidade, posto para o qual também está cotado o chefe da diplomacia alemã, Joschka Fischer.

Ceticismo dos vizinhos

Nos próximos seis meses, a Itália de Silvio Berlusconi vai orientar os destinos da União Européia. As más línguas acham que talvez em breve os demais membros da comunidade sintam saudades do estilo administrativo dos gregos.

O encaminhamento e aprovação da constituição européia é uma questão de prestígio para os italianos, já que o Tratado de Roma, em 1957, selou a criação da Comunidade Econômica Européia. Até aí, tudo bem, não fosse o primeiro-ministro. Magnata da imprensa italiana, controlador absoluto da televisão no país e às voltas com a Justiça, Silvio Berlusconi não cabe muito bem no ideal de democracia dos vizinhos europeus.