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Grupo anglo-turco compra a Grundig

(ns)30 de janeiro de 2004

Mais uma empresa tradicional alemã passa a mãos estrangeiras. Retalhada após a falência, a marca Grundig foi comprada pelo grupo Beko/Alba. Foram salvos 1750 empregos.

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Grundig deixará de fabricar tevêsFoto: AP

Mais de seis meses após a insolvência da Grundig, um grupo de investidores turco-britânico assumiu o negócio central da tradicional empresa de Nurembergue. O fabricante turco de tevês Beko e o grupo inglês Alba, do setor eletro-eletrônico, assinaram nesta quinta-feira (29) o contrato de compra do setor de aparelhos eletrônicos domésticos da Grundig. O preço foi de 80 milhões de euros, segundo o administrador da massa falida, Siegfried Beck.

Recomeço com nova gestão?

Os compradores manterão o nome da marca e a sede da Grundig continuará sendo em Nurembergue, no sul da Alemanha, onde serão mantidos 200 empregos. A direção continuará nas mãos de um executivo alemão, Hubert Roth. Ele está confiante de sair dos números vermelhos ainda este ano. Os novos proprietários representam, "o futuro da Grundig e perspectivas de crescimento", ressaltou.

Ali Sümerval, presidente da Beko, prometeu que dentro de três anos a Grundig voltará a conquistar a posição de liderança que já teve no setor da eletrônica de entretenimento. "Dentro em breve, os alemães terão motivo para se orgulhar novamente do nome Grundig", disse Beko. Daniel Harris, presidente da Alba, anunciou novos investimentos na marca.

A transação, que ainda precisa ser aprovada pelas autoridades anticartel, será concluída até abril. No futuro, a Grundig não produzirá na Alemanha. No país, permanecerá um setor de atendimento à clientela e uma sociedade encarregada de pesquisa, desenvolvimento, distribuição e marketing.

Empregos salvos

Graças à venda poderá ser mantida uma boa parte dos postos de trabalho (1750 de um total de 2801). Cerca de 300 funcionários encontraram outros empregos e 750 foram transferidos para uma sociedade, que irá prepará-los para a reintegração no mercado de trabalho.

Com a venda da divisão de auto-rádios à Delphi, empresa fornecedora da indústria automobilística, puderam ser garantidos mais 900 empregos. Para o setor de receptores de satélite ainda não foi encontrado comprador, mas há dois interessados.

Para os 300 funcionários das áreas administrativa e de marketing da central também desponta uma boa solução. Uma vez concluído o desmembramento da Grundig, eles poderão ser integrados a outros departamentos, ou criar uma sociedade de prestação de serviços aos novos setores da empresa.

O presidente do sindicato dos metalúrgicos em Nurembergue, Gerd Loboda, mostrou-se satisfeito com o resultado e elogiou a forma como o administrador Beck conduziu as negociações. "Poderia ter sido muito mais cruel para os funcionários", comentou. Há poucos meses, as perspectivas eram sombrias.

Ascensão e queda das grandes marcas

A Grundig, que em seus tempos áureos chegou a ter 38 mil empregados, reduzira seu pessoal a 5900 no ano 2000. Em abril do ano ano passado, declarou sua insolvência. O declínio começou com as ofertas mais compactas e baratas da concorrência asiática. Altas dívidas e compromissos do fundo de pensões no montante de 200 milhões de euros deram o tiro de misericórdia na legendária empresa criada por Max Grundig e que ficou associada à expansão das telecomunicações na época do "milagre econômico" do pós-guerra.

A venda da Grundig a investidores estrangeiros teve precedentes como os casos da Telefunken e da Schneider, duas marcas tradicionais. A alternativa geralmente é fechar as portas ou vender a um grupo estrangeiro, que acaba retalhando a empresa e mantendo apenas o que é rentável. A próxima da lista poderá ser a Loewe AG, da Baviera, que está à procura de um investidor.