1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Atentado a banqueiro

9 de dezembro de 2011

Segundo especialista italiano, grupo anarquista FAI é bem estruturado e tem conexões também na América do Sul, sendo responsável por vários atentados, fracassados ou não.

https://p.dw.com/p/13Pka
FAI já foi responsável por diversas cartas-bomba
FAI já foi responsável por diversas cartas-bombaFoto: fotolia/3desc

Investigadores do estado alemão de Hessen afirmam que extremistas italianos de esquerda seriam os responsáveis pela tentativa de atentado contra o presidente do Deutsche Bank, Josef Ackermann.

O grupo denominado Federazione Anarchica Informale (FAI) assumiu o envio da carta-bomba, encontrada na última quarta-feira (07/12) na estação de correios do Deutsche Bank, em Frankfurt. Na ocasião, um envelope endereçado diretamente a Josef Ackermann chamou a atenção dos funcionários.

Ao examinar o envelope, o Departamento Estadual de Investigações de Hessen encontrou ali uma bomba operacional. Ninguém saiu ferido.

Violentos e interconectados

No entanto, nem todos tiveram a mesma sorte do presidente do Deutsche Bank. Em 31 de março de 2011, o militar Alessandro Albamonte, oficial num quartel em Livorno, no norte da Itália, abriu um pacote aparentemente inofensivo.

Ao relembrar o ocorrido, o comandante de Albamonte conta que "então ouvimos uma forte explosão, cuja origem logo foi descoberta: era aquele envelope. Iniciamos imediatamente investigações."

Devido à explosão, Albamonte perdeu vários dedos e um olho. O atentado foi atribuído à FAI. Em italiano, a sigla significa "federação anarquista informal". A FAI é um grupo anarquista extremamente violento e bem conectado internacionalmente. As cartas-bomba enviadas a diversas embaixadas em Roma, no Natal passado, chamaram especial atenção.

Na ocasião, o então ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, disse que "na Grécia, Itália e Espanha há aqueles grupos anarquistas rebeldes, como são chamados, que estão interconectados. Esses grupos são muito violentos. Por esse motivo investigamos – para prevenir e para descobrir se eles estão realmente por trás do que aconteceu aqui."

Nome de destaque

Hoje não há mais dúvidas disso. E a tentativa de atentado contra o presidente do Deutsche Bank também se encaixa no padrão da FAI. O último "relatório de segurança" do serviço de inteligência italiano aponta que os extremistas de orientação anarquista na Itália estão buscando, especificamente, indivíduos como vítimas.

Envelope com carta-bomba foi enviado pessoalmente a Josef Ackermann
Envelope com carta-bomba foi enviado a Josef AckermannFoto: dapd

O militar ferido em Livorno havia estado anteriormente numa missão estrangeira no Afeganistão. Com Ackermann, pretendia-se certamente atingir um nome de destaque do mundo financeiro.

Além disso, os anarquistas violentos operam de forma internacional. Simultaneamente ao atentado em Livorno, uma carta-bomba foi enviada, em março de 2011, a um grupo de lobby nuclear na Suíça.

"Operação Papai Noel"

O diretor do Centro de Estudos Internacionais em Roma, Andrea Margelletti, explica que "o mundo rebelde e anarquista é muito bem estruturado e tem acima de tudo uma estratégia global. Isso vale não somente para a Europa, mas também o continente americano, principalmente a América do Sul. Através de blogs, internet e outros meios, eles possuem excelente comunicação e têm posições muito claras."

Eles execram o Estado, suas instituições e seus representantes. Eles odeiam "os bancos, banqueiros, carrapatos e sanguessugas", como estava escrito na carta em que assumem a autoria do atentado e que foi divulgada pelas autoridades em Frankfurt. Os serviços de segurança italianos cooperam com as autoridades alemãs nas investigações da mais recente tentativa de atentado. Possivelmente foram enviadas outras cartas-bomba.

Durante o período de Natal, em 2003, ouviu-se falar pela primeira da FAI. Naquela ocasião, também foram enviadas cartas-bomba – entre outros, para o então presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, e para o então presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi. O título daquela campanha cínica era "Operação Papai Noel".

Autor: Tilmann Kleinjung (ca)
Revisão: Alexandre Schossler