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Dilma na Bulgária

5 de outubro de 2011

O primeiro-ministro e o presidente da Bulgária demonstraram expectativas de melhora nas relações econômicas dos dois países durante a visita de Dilma, que viaja acompanhada por uma comitiva de empresários.

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Dilma posa para foto com o primeiro-ministro Borisov
Dilma posa para foto com o primeiro-ministro BorisovFoto: Agência Brasil

Antes da visita da presidente Dilma Rousseff, as relações entre Brasil e Bulgária se restringiam praticamente à área diplomática. Com os laços pessoais da presidente com o país do leste europeu, essa ligação deve se estreitar. Ao menos essa foi a promessa feita por Dilma nesta quarta-feira (05/10), em Sófia, onde foi calorosamente recebida pelas autoridades locais.

"Venho à Bulgária com a expectativa de traduzir esse carinho e esse apreço em gestos concretos de aproximação entre os nossos dois países", afirmou a presidente.

Em seu primeiro compromisso do dia, em praça pública, Dilma pareceu mais relaxada. Alguns moradores de Sófia acompanharam a cerimônia em que Dilma depositou flores no túmulo do soldado desconhecido. Com flores e bandeiras do Brasil, alguns moradores gritavam o nome da presidente.

Mesmo ainda sem efeitos visíveis, o trabalho de Dilma na melhoria das relações entre os dois países já merece menção nas leis búlgaras – o decreto 204 condecora a líder brasileira com a ordem mais alta da República da Bulgária, "por sua extraordinária contribuição para o desenvolvimento das relações bilaterais".

No mundo dos negócios

Dilma é recebida por brasileiros em Sófia, capital da Bulgária
Dilma é recebida por brasileiros em Sófia, capital da BulgáriaFoto: Agência Brasil

Mas a "visita muito esperada e emotiva", como mencionou o presidente Georgi Parvanov, também é uma viagem de trabalho. E as expectativas são altas do lado da  Bulgária, que, nas palavras de Parvanov, espera viver um impacto econômico forte com a cooperação brasileira.

Uma comitiva de empresários brasileiros viajou a Sófia, a convite da presidente, para sondar o terreno. Representantes do setor de energia, das empreiteiras OAS e Queiroz Galvão, além do vice-diretor da Embraer, Jackson Schneider, participam de um fórum empresarial na capital búlgara.

Para a Embraer, a Bulgária não é uma terra desconhecida: a empresa entrega em março do ano que vem sua primeira encomenda à companhia Bulgaria Air, um modelo 190. Outros 11 aviões foram encomendados.

As empreiteiras ainda desconhecem o mercado local, mas estão atrás de oportunidades. Depois de conversar com o primeiro-ministro, Boyko Borisov, Dilma comentou que a Bulgária trabalha na expansão do sistema de metrô, em construção de estradas e outras obras de infraestrutura.

Comercio crescente

A presidente disse que há um comércio crescente entre os dois países, "apesar da crise internacional, ainda em curso", e que ainda existe muito espaço para expansão. "O meu país vê na Bulgária um parceiro estratégico e de peso nesta região, onde queremos estreitar e estender cada vez mais a nossa presença." A Bulgária é membro da União Europeia desde 2007.

Segundo Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a fabricante brasileira de ônibus Marcopolo têm interesse em construir fábricas na Bulgária. "Existe pouco conhecimento e informação que a gente possa disponibilizar. Então, agora que vamos começar a entender as oportunidades de investimentos aqui", disse à Deutsche Welle. Mas essa sondagem pode levar até dois anos –  é preciso estudar a legislação, as condições e buscar parcerias locais, dizem representantes do empresariado brasileiro.

O presidente da CNI destacou a determinação búlgara de buscar negócios no Brasil. "Eles têm expertise na área de defensivos agrícolas, têm bons produtos para exportação. Também têm expertise no setor de óleo e gás e poderiam trabalhar com a industria brasileira", analisou Andrade.

Parceiro na economia

Com Produto Interno Bruto de 47,9 bilhões de dólares em 2010 e crescimento de 0,2% registrado naquele mesmo ano, a Bulgária dispõe de recursos naturais como bauxita, cobre, chumbo, zinco, carvão e madeira.

Segundo números do Banco Mundial, 12,8% da população búlgara vive na pobreza. É uma área que, como lembrou Dilma, o Brasil tem algo a oferecer: "Temos a experiência grande de programas de transferência de renda e ascensão social. Nos últimos anos, 40 milhões de brasileiros saíram da pobreza."

Mesmo antes dessa intenção de amizade forte, os laços entre o governo do Brasil e a nação do leste europeu, ao que parece, já despertaram um certo sentimento de cobiça. "Fico com inveja da Bulgária porque tem, na figura de Dilma Rousseff, uma amiga do país de vocês", relatou Borisov a conversa que teve durante a cerimônia de posse da presidente com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.

Autora: Nádia Pontes, em Sófia
Revisão: Alexandre Schossler