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Governo alemão mira radicais de esquerda após cúpula do G20

10 de julho de 2017

Políticos em Hamburgo e Berlim defendem ações da polícia durante protestos violentos durante cúpula do G20 e prometem maior repressão ao extremismo de esquerda, menos visado que os radicais de direita.

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Protestos violentos no fim de semana deixaram rastros de destruição no bairro Schanzenviertel
Protestos violentos no fim de semana deixaram rastros de destruição no bairro SchanzenviertelFoto: picture-alliance/Zuma Press/J. Widener

Políticos alemães estão pressionando por medidas severas contra o extremismo de esquerda, clamando inclusive por um registro de seus envolvidos em toda a Europa, depois dos protestos violentos no fim de semana em Hamburgo, no norte da Alemanha, durante a cúpula do G20.

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Manifestantes ergueram barricadas, incendiaram carros, saquearam lojas e atacaram forças de segurança, que reagiram com canhões de água, spray de pimenta e gás lacrimogêneo. Até domingo (09/07), ao menos 411 pessoas haviam sido detidas e cerca de 500 policiais ficaram feridos, segundo as autoridades. Não ficou claro, porém, quantos manifestantes ficaram feridos nos confrontos.

A violência dominou a cobertura da imprensa alemã sobre a cúpula, que foi marcada pelo primeiro encontro entre os presidentes americano, Donald Trump, e russo, Vladimir Putin. Nesta segunda-feira, a polícia de Hamburgo mantinha 51 pessoas em prisão preventiva. Ao lado de muitos alemães estavam cidadãos da França, da Itália, da Espanha, da Rússia, da Holanda, da Suíça e da Áustria.

O custo dos danos ainda não foi estimado, mas deve atingir milhões de euros. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, que busca um quarto mandato nas eleições em setembro próximo, garantiu que todos os residentes de Hamburgo prejudicados serão devidamente indenizados.

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O prefeito de Hamburgo, Olaf Scholz, agradeceu aos oficiais que trabalharam para conter os protestos – descrevendo-os como "heróis" – e rechaçou acusações de que eles teriam usado força excessiva no que ele chamou de "maior operação policial no período do pós-Guerra". Cerca de 20 mil membros das forças de segurança alemãs estiveram nas ruas no fim de semana.

Scholz pediu ainda "sentenças de prisão prolongadas" para os manifestantes envolvidos em violência. O prefeito, que fora acusado por membros da União Democrata Cristã (CDU), partido de Merkel, de ter negligenciado os riscos de um encontro dessa magnitude numa metrópole, ignorou pedidos de renúncia e disse que permanecerá no cargo. 

O ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, também defendeu as ações da polícia, afirmando que os "anarquistas" que participaram dos atos eram "extremistas criminosos, desprezíveis e violentos, exatamente como os neonazistas e islamistas". Segundo ele, esses radicais de esquerda se preparavam por mais de um ano para a cúpula do G20.

De Maizière acrescentou, porém, que a operação policial em Hamburgo será submetida a uma "avaliação minuciosa, levando em conta tanto suas forças como suas fraquezas". Ele defendeu uma repressão mais efetiva dos extremistas de esquerda e admitiu que as autoridades alemãs não monitoram esse grupo tão profundamente como fazem com os radicais de direita.

"Não temos um banco de dados adequado na Europa na área do extremismo", afirmou, por sua vez, o ministro alemão da Justiça, Heiko Maas, ao jornal Bild. Segundo o político, muitos dos manifestantes envolvidos em atos violentos em Hamburgo vieram de fora da Alemanha, e um banco de dados daria às autoridades uma visão melhor sobre a situação, permitindo recusar a entrada de pessoas na fronteira. Ele ainda afirmou que o governo federal pretende investir mais recursos na repressão ao extremismo de esquerda.

O deputado Stephan Mayer, da União Social Cristã (CSU), também defendeu a ideia de um registro de extremistas de alcance europeu, classificando-a de "sensata e digno de apoio". "Há uma cena extremista de esquerda muito ativa na Alemanha, mas também em outros países europeus", disse ao jornal Rheinische Post, acrescentando que o "controle fronteiriço introduzido para o G20 deve ser mantido".

EK/dw/dpa/rtr/ots