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Brigando pelo pacote

Agências (av)23 de dezembro de 2008

Consta que 40 bilhões de euros serão liberados para projetos eficazes e de aplicação imediata. Energia, ensino, transportes e comunicações são áreas privilegiadas. Ambientalistas temem "orgia de construção de estradas".

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Governo quer mais estradas, ambientalistas temem 'orgia' de construçõesFoto: AP

O segundo pacote conjuntural alemão para o "ano de recessão" 2009 começa a tomar forma. Nesta terça-feira (23/12), o chefe da Casa Civil, Thomas de Maizière, encontrou-se com os secretários da Casa Civil de todos os estados para negociar os novos investimentos. Até o início de janeiro, o grupo selecionará projetos concretos a serem financiados – de rápida realização e que dêem impulsos imediatos à economia nacional.

Segundo a imprensa alemã, a Chancelaria Federal vai disponibilizar até 40 bilhões de euros para investimentos em rodovias, conexões de internet mais velozes, eficiência energética e outros segmentos. O governo também estuda a possibilidade de diminuir as contribuições ao sistema público de saúde em um ponto percentual, através de um subsídio tributário bilionário. A União Social Cristã (CSU) é a favor de que também se baixe o imposto de renda.

Como já anunciara a ministra da Educação, Annette Schavan, a modernização de escolas e universidades é peça central do pacote de apoio à conjuntura. Segundo ela, Berlim deverá liberar um total de 7,5 bilhões de euros para esse fim, cabendo 3 bilhões de euros às universidades e 4,5 bilhões de euros às escolas.

As lideranças da coalizão governamental negociarão as propostas em 5 de janeiro de 2009, na Chancelaria Federal. Segundo De Maizière, decisivo para a aprovação é que os projetos possam ser imediatamente postos em prática. Importante também é que contribuam de maneira rápida, precisa e duradoura para a federação, os estados e os municípios. "A meta é fortalecer a Alemanha através da modernização de sua infra-estrutura."

Críticas

Berlin, Regierungsviertel
Encontro foi realizado na Chancelaria Federal em BerlimFoto: Maksim Nelioubin

A Confederação Alemã de Sindicatos (DGB) exigiu de Berlim maior agilidade no combate à crise financeira e econômica. O presidente Michael Sommer criticou a atitude de esperar as sugestões do futuro presidente norte-americano, Barack Obama, antes de implementar novas medidas. "Deveríamos, muito antes, fazer o nosso próprio Obama aqui: Change can happen."

A União Alemã das Municipalidades (DstGB) advertiu contra uma "avassaladora corrida política" por benefícios fiscais, dentro da disputa pelas ajudas conjunturais. Tal dinâmica iria simplesmente "afundar o país mais e mais num pântano de dívidas", declarou um diretor da organização, Gerd Landsberg, ao jornal Neue Osnabrücker Zeitung.

É preciso que os cidadãos compreendam que "amanhã pagarão de volta os presentes tributários de hoje, com impostos mais altos e juros sobre juros", observou Landsberg. Um acúmulo dos benefícios sociais não é, tampouco, um caminho adequado para sair da crise. "Quando a crise houver passado, precisaremos de um Estado competitivo, 'esbelto', com um sistema social apto para o futuro." Ele considera os 40 bilhões de euros para o Pacote Conjuntural II, noticiados pela imprensa, "claramente insuficientes".

O aspecto ambiental

Ao anunciar o novo pacote, tanto a chanceler federal Angela Merkel como o ministro dos Transportes, Obras e Planejamento Urbano, Wolfgang Tiefensee, enfatizaram a construção de estradas como foco importante do programa. Pouco antes do encontro da Casa Civil, o ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, alertou para o perigo da unilateralidade nas discussões sobre os investimentos em infra-estrutura.

"Uma nova orgia de construção de estradas seria errado", disse ao Frankfurter Rundschau. "Porém há setores em que a necessidade de investimentos é urgentíssima: anéis rodoviários, proteção acústica, saneamento de estradas." Também o transporte ferroviário precisa de mais verbas, prosseguiu Gabriel. "Mas não se deve jogar as duas áreas [meio ambiente e construção] uma contra a outra."

Segundo o ministro, o governo alemão considera introduzir um "prêmio de sucateamento", para carros antigos. "Esse pode ser um instrumento para estabilizar as vendas de carros novos, ao lado de um indicador claro do consumo de combustível e créditos vantajosos para a compra de carros econômicos." A decisão a respeito está prevista para as próximas semanas.