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Alemães no Afeganistão

16 de janeiro de 2010

Governador da província afegã de Kunduz considera fraca a atuação de tropas alemãs na região, e espera que norte-americanos enviem soldados para pacificar a área.

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Governador Omar considera fraca atuação alemã em sua provínciaFoto: DW

A missão militar alemã no Afeganistão é bastante controversa. Recentemente, a presidente da Igreja Evangélica na Alemanha (EKD), Margot Kässmann, enfrentou duras críticas por ter dito numa frase que muitas pessoas provavelmente pensam. "Nada está indo bem no Afeganistão", disse ela. Seus críticos acusaram a pastora, entre outras coisas, de tentar minar o moral dos soldados alemães no Afeganistão. Agora, um político afegão fez declarações que poderão prejudicar muito mais o moral da Bundeswehr.

O governador da província de Kunduz, Mohammad Omar, simplesmente tachou as tropas alemãs de inúteis."No começo, quando os alemães chegaram, foram muito eficazes na região, na construção de estradas, clínicas, pontes e escolas. Mas hoje a situação é diferente. Os alemães são fracos para mudar a nossa situação de segurança. Temos um inimigo que quer nos matar. Também temos amigos, mas quando um amigo não nos salva, temos de recorrer a outro", afirmou Omar.

Palavras duras para os alemães

Isso significa, em linguagem direta: se os alemães não nos ajudam, então terão que ser os norte-americanos. São palavras duras para todos os soldados alemães que arriscam suas vidas em Kunduz.

Os talibãs, a Al Qaeda e outros insurgentes têm bases em Kunduz, de acordo com o governador. Para se livrar dos inimigos, os alemães são, em sua opinião, a alternativa errada ou, pelo menos, os "amigos" menos eficientes. O porta-voz da equipe alemã de reconstrução em Kunduz, Jürgen Mertins, atribui a acusação de Omar à instabilidade na região.

"A avaliação do governador reflete a situação local tensa. É bastante compreensível que ele exprima, à sua maneira, a aprovação para um reforço das tropas norte-americanas", diz Mertins.

Questionado sobre o que os alemães deveriam mudar, o governador Mohammad Omar não demora a dar sua solução. "Eles têm que matar os insurgentes. Nós queremos que eles façam isso", conclui o político.

"A equipe de reconstrução em Kunduz provavelmente está pronta para combater o inimigo. Mas, infelizmente, o governo alemão não quer, não quer que seus soldados morram aqui", diz. "Mas também temos responsabilidade para com o nosso povo. Precisamos nos livrar dos rebeldes e conseguir segurança. Queremos que o governo alemão veja a nossa realidade, que permita a seus soldados atuarem de forma eficaz, pois nós temos muitos terroristas aqui", afirma.

Governador deseja mais ofensivas

Eficaz e adequado foi, na opinião do governador, o bombardeio do caminhão tanque sequestrado pelos talibãs, ordenado por alemães em setembro passado. O controverso ataque provocou a renúncia de um ministro alemão. Omar deseja mais ofensivas, admite que a situação de segurança em Kunduz melhorou um pouco nos últimos tempos, mas atribui esse mérito exclusivamente às forças de segurança afegãs e norte-americanas.

O porta-voz da equipe de reconstrução de Kunduz garante que a cooperação dos alemães com as forças de segurança afegãs está indo bem. "Nos últimos meses, realizamos uma série de operações conjuntas com o lado afegão. E acreditamos que a situação da segurança na região de Kunduz melhorou", avalia Mertins.

O governador Omar vê a situação de outra forma. Ele espera que, com o aumento de contingente prometido por Barack Obama, os americanos mandem mais 3 mil soldados para sua província. Depois que eles chegarem, Omar sugere que os alemães se concentrem em regiões mais calmas ao norte do país.

Autor: Kai Küstner (md)
Revisão: Augusto Valente