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General dos EUA pede que cadetes racistas "voltem para casa"

1 de outubro de 2017

Após manifestação de racismo dentro da Academia da Força Aérea americana, chefe da instituição faz discurso indignado a milhares de militares em formação e pede dignidade e respeito. Vídeo com fala viraliza na internet.

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USA US-General Jay Silveria gegen Rassismus
Jay Silveria, superintendente da Academia da Força Aérea americana. Instituição prepara jovens para se tornarem oficiaisFoto: Reuters/U.S. Air Force/Courtesy M. Kaplan

O superintendente da Academia da Força Aérea dos Estados Unidos surpreendeu seus jovens cadetes na semana passada ao proferir um discurso vigoroso contra o racismo dentro da instituição. O vídeo com a fala, direcionada a milhares de militares em formação, viralizou durante este fim de semana.

O estopim ocorreu no início da semana passada, quando cinco estudantes afro-americanos da escola preparatória para a Academia da Força Aérea encontraram mensagens racistas num quadro de avisos que fica na área dos dormitórios da instituição, localizada na cidade de Colorado Springs.

Um dos alunos publicou uma imagem no Facebook que mostra um quadro branco com a seguinte frase escrita: "Vá para casa, negro". A mensagem ainda usava o termo em inglês nigger, considerado por muitos um insulto racista. Os pais do jovem alertaram, então, a direção da Academia.

Em reação ao acontecido, o tenente-general Jay Silveria, superintendente da instituição militar, decidiu reunir, na quinta-feira passada (28/09), professores, funcionários e os mais de 4 mil estudantes, entre alunos da Academia e da escola preparatória, para um alerta indignado.

"Se você não é capaz de tratar alguém com outra cor de pele com dignidade e respeito, então é você que precisa ir para casa", declarou Silveria, conforme mostram vídeos publicados na internet. "Se vocês estiverem indignados com essas palavras, então vocês estão no lugar certo."

O superintendente ainda afirmou que seus cadetes deveriam estar indignados não só como um militar americano, "mas como ser humano". "Este tipo de comportamento não tem lugar na escola preparatória, não tem lugar na Academia da Força Aérea dos EUA e não tem lugar na Força Aérea americana", completou.

Ao fim de suas declarações, o tenente-general pediu para que os presentes usassem seus celulares para filmar e compartilhar uma última mensagem: "Guarde minhas palavras, use minhas palavras, lembre-se delas e converse sobre elas: se você não é capaz de tratar alguém com dignidade e respeito, então vá embora", repetiu.

O vídeo, publicado em diferentes canais no YouTube e assistido centenas de milhares de vezes, foi compartilhado inclusive por personalidades e figuras políticas dos Estados Unidos.

O senador John McCain, ex-militar americano, publicou o discurso em seu perfil no Twitter, afirmando se tratar de uma "declaração importante". "Eu concordo. Não há lugar para o racismo ou para a intolerância nas nossas Forças Armadas ou nessa grande nação", escreveu.

As mensagens racistas encontradas na escola da academia militar, bem como o discurso de Silveria, vêm num momento de grande foco no racismo perpetrado nos Estados Unidos.

Nas últimas semanas, estrelas do basquete e do futebol americano das ligas mais populares do país realizaram manifestações de repúdio à violência policial nas comunidades negras. Em campo, jogadores se ajoelhavam, davam os braços ou se sentavam durante o hino nacional, em protesto.

No fim de agosto, um comitê das Nações Unidas encarregado de combater o racismo emitiu uma advertênciasobre a situação nos Estados Unidos, medida raramente utilizada para sinalizar o surgimento de um possível conflito civil.

O órgão alertou sobre a proliferação de manifestações racistas no país, em particular os tumultos em Charlottesville, no estado da Virgínia, onde uma mulher foi morta em 12 de agosto passado depois que um supremacista branco jogou seu veículo contra um grupo de manifestantes antirracismo.

EK/afp/ap/efe/ots