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Galileo e GPS: enfim compatíveis

(rr)25 de junho de 2004

Após anos de discussão, EUA e UE assinam um acordo de cooperação, encerrando as diferenças entre seus respectivos sistemas de navegação GPS e Galileo.

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Ao todo serão 30 satélites terrestresFoto: AP

O secretário norte-americano de Estado, Colin Powell, e a comissária de Transportes da União Européia, Loyola de Palacio, assinarão neste sábado (26), em reunião de cúpula no oeste da Irlanda, um contrato que deixará para trás divergências a respeito dos sistemas de navegação Galileo e GPS.

Durante anos, as duas potências discutiram sobre os padrões técnicos dos dois sistemas. Os EUA, que consideravam o Galileo nada mais que uma réplica do GPS, acompanharam seu desenvolvimento com ansiedade e malícia. Washington dizia-se incomodado pela possibilidade de os sinais enviados pelo Galileo causarem interferência em operações militares dos EUA e da Otan, que utilizam o GPS.

A UE, por sua vez, acreditava que, por trás dos interesses americanos, estava a tentativa de garantir para si uma freqüência mais eficaz, obtendo, assim, vantagens de mercado. No final das contas, foram os europeus que acabaram admitindo uma pequena alteração da freqüência.

Segurança mundial é tema chave

Os termos principais do acordo, que já haviam sido acertados em fevereiro, foram transcritos em documentos que finalmente serão assinados no encontro de cúpula deste final de semana. Eles prevêem a total compatibilidade entre os sistemas, de modo que um aparelho receptor será capaz de receber e decodificar sinais de ambos os sistemas, criando assim um padrão mundial.

Entretanto, certas cláusulas relacionadas ao tema da segurança foram mantidas. Militares americanos no Afeganistão ou no Iraque, por exemplo, terão a possibilidade de interferir moderadamente nos sinais do GPS e do Galileo, de forma a tirá-los de operação caso necessário. Além disso, foi acertado que o Galileo não poderá atrapalhar os sinais enviados pelo novo sistema militar americano de satélites, o M-Code.

Investimento bilionário...

A partir do final deste ano, a empresa Galileo Industries, um consórcio do qual fazem parte a Indústria Européia de Defesa Aeronáutica e Aeroespacial (EADS), a Alcatel e a Alenia Spazio, espera receber investimentos da União Européia para a implantação do sistema de satélites, planejado para entrar em funcionamento em 2009.

Apenas no desenvolvimento do sistema de 30 satélites terrestres, que enviarão sinais ao mundo inteiro, a UE e a Agência Espacial Européia (ESA) investiram 1,1 bilhão de euros. Para a implantação do projeto estão previstos outros 2,2 bilhões, dos quais 1,5 bilhão virão de empresas privadas.

...com retorno garantido

Mas o retorno é promissor. Segundo Günter Stamerjohanns, da Galileo Industries, que tem sua sede na cidade de Ottobrunn, nas redondezas de Munique, o projeto deverá gerar centenas de empregos no Estado da Baviera e no Leste da Alemanha. Em toda a Europa, esse número chegará a 100 mil, garante Loyola de Palacio.

"Esse acordo é de máxima importância para as relações transatlânticas entre os Estados Unidos e a União Européia", avalia a comissária da UE. "Ele garante não apenas cooperação política, o que seria normal, mas também cooperação no setor industrial. Essa indústria é altamente interconectada e precisa desse trabalho conjunto."

Antes mesmo de o primeiro satélite-teste entrar em órbita em 2005, a lista de clientes interessados no sistema já é considerável: países como China, Rússia, Índia, México e Israel, além do Brasil, anunciaram interesse em adotar o Galileo.

Apesar da preocupação dos EUA em tornar sua tecnologia acessível a países como China e Índia, por exemplo, não haverá critérios discriminatórios para utilização do sistema. "Conseguimos garantir que não haverá discriminação, o que significa que o mercado ficará aberto para todos", disse Heinz Hillbrecht, diretor da Galileo Industries.

A empresa pretende faturar com licenças de utilização dos chips instalados nos aparelhos de recepção e com a cobrança de uma taxa em troca do uso de um sinal comercial para aviões, navios, bancos e a indústria agrária, por exemplo. Os sinais para utilização privada, tais como em sistemas de navegação de automóveis, será gratuito.