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Gabinete alemão está por um fio

Estelina Farias15 de novembro de 2001

Sobrevivência da coalizão depende de 7 votos e 5 deputados governistas anunciaram que vão rejeitar a moção de confiança no gabinete.

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Presidentes do Partido Verde, Claudia Roth e Fritz Kuhn, tentam salvar coalizão com os social-democratasFoto: AP

As cúpulas dos dois partidos governistas da Alemanha, o social-democrata (SPD) e o Verde estão tentando todos os meios, como a arte de persuasão, pressões e ameaças, para garantir amanhã (16) a sobrevivência da coalizão de governo bipartidária. A dobradinha no poder tem uma maioria de 16 votos e no mínimo quatro deputados verdes e um social-democrata estão decididos a votar no Parlamento contra o destacamento de 3.900 para apoiar os Estados Unidos na luta antiterror no Afeganistão.

Se oito deputados governistas votarem contra a operação das Forças Armadas, acabará automaticamente a coalizão formada em 1998, porque o chanceler federal, Gerhard Schröder, condicionou a questão militar a um voto de confiança no gabinete. Se o chefe de governo perder a votação, o presidente da Alemanha, Johannes Rau, pode dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas para o início de 2002.

Schröder atrelou as duas questões exatamente por causa da ameaça de o plano militar ser aprovado sem maioria da coalizão, com ajuda da oposição, o que deixaria o seu gabinete muito vulnerável. Mas permanece incerto se ele ganhará a parada nesta sexta-feira. Não se descarta o perigo de surgir mais dissidências nas fileiras da situação e a oposição democrata-cristã (CDU), social-cristã (CSU), liberal (FDP) e neocomunista (PDS) garantiu a presença de todos os seus 317 deputados para dar um sonoro não, no plenário, à moção de confiança.

Quorum - Enquanto a ação militar pode ser aprovada por maioria simples, a moção de confiança precisa de maioria absoluta de 334 votos e estes têm de ser da coalizão, porque o interesse da oposição é derrubar e não garantir a sobrevivência do gabinete. As lideranças governistas contam com a presença de todos os 666 deputados no plenário, porque nenhum está doente. Existe ainda o perigo de deputados pacifistas das fileiras oficiais renunciarem ao mandato, mas os meios modernos de comunicação garantem o voto de seus suplentes, desde que eles assumam a tempo e para isso basta um fax dirigido ao presidente do Parlamento, Wolfgang Thierse.

Otimismo - Os diretórios nacionais do SPD e dos verdes se reuniram hoje em Berlim e, além de apelos dramáticos às suas bancadas, manifestaram confiança de que a coalizão sobreviverá à votação de hoje. A cúpula dos verdes argumentou que o gabinete deu informações mais precisas sobre as tarefas das Forças Armadas na luta antiterror e teria feito concessões. Além disso, o avanço da Aliança do Norte sobre o regime talibã mudou a situação no Afeganistão.

"Por isso eu vou aprovar o voto de confiança", reagiu a deputada Britta Hasselman. Ela fazia parte do grupo dos verdes que são contra o envio de soldados alemães à luta antiterror por acharem que a guerra não acabará com o terrorismo. Alguns vêem atrelagem da ação militar ao prosseguimento da coalizão de governo como "um truque estratégico" de Schröder. Outros, inclusive a presidente do Partido Verde, Claudia Roth, acusaram o chefe de governo de fazer "pura chantagem".