Panamá
11 de dezembro de 2011Após mais de 20 anos vivendo em prisões estrangeiras, o ex-ditador panamenho Manuel Noriega embarcou neste domingo (11/12) de volta ao Panamá, depois de ser extraditado pela França.
Segundo a imprensa francesa, Noriega, de 77 anos, partiu do aeroporto Paris Orly a bordo de um avião da companhia aérea espanhola Iberia.
A pedido do Panamá, o tribunal de apelações de Paris, aprovou no fim de novembro a entrega de Noriega às autoridades judiciais panamenhas. O presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, disse na ocasião que Noriega seria transferido imediatamente para a prisão após sua chegada. Segundo Martinelli, o general já cumpriu grande parte de sua pena, mas “há muitas pessoas que não o querem perdoar”.
Em abril de 2010, o ex-ditador foi transferido para a França dos EUA, onde havia cumprido 20 anos de prisão, por tráfico de drogas entre outros crimes. Na França, ele foi condenado a sete anos de prisão por lavagem de dinheiro. Os juízes consideraram como comprovado que o ex-general investiu nos anos 80 em caros imóveis na França com o dinheiro do narcotráfico. Noriega sempre defendeu sua inocência.
No Panamá, Noriega foi condenado nos anos 90, à revelia, pelo assassinato de dois opositores na década de 80, sentenciado a 20 anos de prisão em cada caso. Além disso, outros processos judiciais o aguardam em seu país.
"Cara de abacaxi"
O ex-general, cujo rosto marcado por cicatrizes de varíola lhe rendeu o apelido de "cara de abacaxi", pode entrar com pedido para deixar a cadeia, com base em uma lei panamenha que permite que prisioneiros de mais de 70 cumpram o resto de suas penas em prisão domiciliar.
Noriega foi derrubado do poder por uma invasão militar dos Estados Unidos, iniciada em 20 de dezembro de 1989, e foi considerado por Washington como "prisioneiro de guerra". Entretanto, o governo panamenho não aceita essa definição e o destituiu da patente através de decreto.
Na folha de pagamento da CIA
Noriega foi cooptado pelo serviço secreto norte-americano ainda quando era um jovem oficial e, com ajuda dos EUA, subiu até o posto de homem forte do Panamá em 1983, após o então ditador militar Omar Torrijos ter morrido em um misterioso acidente aéreo. Ele governou o Panamá até 1989.
A invasão de 1989 que derrubou Noriega foi um dos eventos mais amargamente debatidos dos anos de declínio da Guerra Fria. Durante os anos 70 e 80, Noriega cooperou estreitamente com a CIA, ajudando os EUA a combater os movimentos de esquerda na América Latina, fornecendo informações e ajuda logística. Ele também atuou como um canal de comunicações dos EUA com governos hostis, como Cuba.
O ditador esteve na folha de pagamentos da CIA de 1968 a 1986, quando caiu em descrédito em relação a Washington, entre outros motivos, por causa de sua ligação com o narcotráfico internacional. Noriega cooperava com o cartel colombiano de drogas de Medellín e ganhou milhões traficando cocaína para os Estados Unidos.
MD/afp/ap/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque