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Estudo

25 de maio de 2009

Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia tiveram um êxito econômico espetacular nos últimos anos. Um estudo revela o quanto esse surto, agora relativizado pela crise, depende das importações da Europa Ocidental.

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Parque industrial da Skoda em Pilsen; montadora é hoje subsidiária da VolkswagenFoto: dpa - Bildarchiv

Uma razão importante para a baixa das economias no Leste Europeu é seu estreito envolvimento com a Europa Ocidental. O reprocessamento de peças pré-fabricadas provindas dos países do oeste do bloco e sua subsequente revenda para os mesmos explicam, em grande parte, o aumento das exportações do Leste Europeu. Isso é o que comprovou um estudo do Instituto da Economia Alemã (IW), em Colônia.

Países emergentes avançam

"O ponto de partida do estudo foi uma discussão que tivemos antes da crise econômica", explica Jürgen Matthes, especialista do IW para política econômica internacional. "Será que a Alemanha e sua base industrial podiam possivelmente ser abalados com o grande êxito de exportação observado no Leste Europeu, na China e em outros países emergentes? Queríamos avaliar isso com precisão e questionar até que ponto esse temor era justificado ou não", expõe Matthes a questão que norteou a pesquisa.

O estudo se concentra em Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia, pois sobre esses países existe uma amostra de informações relativamente significativa. Os números espelham o impressionante êxito de exportação: de 1995 até 2007, as exportações dessas quatro nações aumentaram 360%. Como parâmetro de comparação: os 30 países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) evidenciaram um aumento de aproximadamente 100% no mesmo período.

Estreita ligação entre importação e exportação

Uma observação mais detida, no entanto, revela que o êxito do Leste Europeu deve ser relativizado. Os índices de crescimento se fazem sentir sobretudo em contraste com o quadro econômico anterior: somente após a queda da Cortina de Ferro e da abolição das barreiras comerciais da UE, em meados dos anos 90, é que as relações comerciais da Europa Oriental tiveram realmente um surto.

Além disso, o êxito de exportação sempre foi acompanhado de um rápido crescimento das importações, algo que beneficiou sobretudo a economia alemã. As exportações alemãs para os quatro países aumentaram entre 330% e 460% no período de 1995 a 2007. O volume exportado pela Alemanha para o resto do mundo nesse mesmo intervalo de tempo cresceu "somente" cerca de 150%. Em outras palavras: a fabulosa elevação das exportações só foi possibilitada por altas cotas de importação.

15.01.2008 DW-TV Wirtschaft Minireportage EON E.ON Ungarn
Eon na Hungria, um local cobiçado pelas multinacionaisFoto: DW-TV

Jürgen Matthes, do IW, explica esse fenômeno tomando como exemplo a produção de telefones celulares e de automóveis: "As peças pré-fabricadas são fornecidas para o Leste Europeu, ou seja, primeiro a Alemanha as exporta para lá. Então essas peças são reprocessadas, digamos, na República Tcheca ou na Hungria, para depois serem reimportadas pela Alemanha".

Alta tecnologia da Europa Ocidental

No caso dos produtos industriais de alta tecnologia, mais de três quartos do aumento da produção do Leste remontam a um crescimento proporcional de um fornecimento anterior por parte do Oeste. Na Hungria e na Eslováquia, a elevação das exportações se baseia em grande parte na importação de matérias pré-fabricadas, cuja cota de crescimento oscila entre 70% e 90%.

Os números comprovam o quanto o Leste Europeu é dependente da Europa Ocidental. Mesmo assim, a cooperação com o Oeste também pode impulsionar uma certa autonomia, explica Jürgen Matthes.

"Notamos que justamente a Hungria e a República Tcheca tiraram grande proveito disso, inclusive no que se refere à sua capacidade tecnológica. As multinacionais foram para essa região, levando consigo seu know-how e seus conhecimentos. Com isso, contribuíram para que esses países se desenvolvessem de uma forma notável."

Autor: Klaus Ulrich

Revisão: Rodrigo Abdelmalack