1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Força populista na Dinamarca pode se refletir no Parlamento Europeu

Heimo Fischer (cn)20 de novembro de 2013

Partido do Povo Dinamarquês é o terceiro mais bem votado em eleições municipais. Seu sucesso pode influenciar a próxima eleição para o Parlamento Europeu, onde a direita populista tenta formar aliança transnacional.

https://p.dw.com/p/1AKqS
Foto: picture-alliance/dpa

Para Gwyn Nissen, redator-chefe do jornal dinamarquês Nordschleswiger, não se deve superestimar o Partido do Povo Dinamarquês (DF). "Em comparação com outros partidos populistas de direita da Europa, o DF é uma versão leve." Ele se apresenta mais moderado do que facções comparáveis, constituindo um caso especial no espectro da direita, afirma o jornalista.

Mais moderados ou não, os populistas despertaram interesse para além das fronteiras nacionais nesta quarta-feira (2011), quando foram o terceiro partido mais bem votado nas eleições municipais, com 10,1% dos votos, atrás dos social-democratas e dos liberais. Trata-se de um sinal pequeno, mas importante, para outros partidos de direita emergentes da União Europeia.

A seis meses das eleições para o Parlamento Europeu, em maio de 2014, esses grupos estão reunindo forças. Assim, o holandês Geert Wilders, do Partido da Liberdade (PVV), e sua colega francesa Marine Le Pen, da Frente Nacional (FN), encontraram-se na última semana em Haia, em campanha pela formação de uma grande aliança direitista no Parlamento da União Europeia.

Geert Wilders Niederlande 27.10.2012
Holandês Wilders quer formar coalizão de direita no Parlamento EuropeuFoto: picture-alliance/dpa

Wilders e Le Pen atravessam uma fase de sucesso em seus países, alcançando resultados recorde nas pesquisas de opinião. Caso consigam formar uma bancada com poder de ação em nível europeu, eles não somente terão direito a mais verbas do orçamento da UE, como também o direito de apresentar propostas de resolução. Uma perspectiva preocupante, pois, dessa maneira, os eurocéticos poderiam dificultar sensivelmente ou até mesmo bloquear alguns processos políticos.

Origens e motivações diversas

Uma bancada no Parlamento Europeu precisa reunir, no mínimo, 25 integrantes de sete países. O cientista político Kai Arzheimer, da Universidade de Mainz, não acredita que os populistas de direita consigam formar um grupo de impacto político. "A experiência do passado mostra que, para eles, é muito difícil manter uma colaboração de longo prazo", argumenta.

Seis anos atrás, uma tentativa parecida fracassou após apenas dez meses. Na época, a política Alessandra Mussolini, neta do ex-ditador italiano, desentendeu-se com cinco deputados romenos. Segundo o noticiário, os representantes do partido Grande Romênia a acusaram de comparar "ciganos criminosos com toda a população romena".

Para Arzheimer, a personalidade difícil dos populistas seria uma causa de tais brigas grotescas. "Eles geralmente possuem um ego enorme", comenta. Mas diferenças nas raízes políticas também podem provocar o fracasso de uma cooperação partidária.

Marine Le Pen Front National 09.11.2013
Frente Nacional de Marine Le Pen é protecionista e pró-colonialFoto: Nicolas Tucat/AFP/Getty Images

Como exemplo, ele cita a francesa Frente Nacional, que vem de um meio fortemente católico e é marcada por uma visão pró-colonial. "Nos primeiros anos, também havia conexões com o terrorismo de extrema direita francês." Já o DF está livre desse fardo histórico, adotando uma postura mais contida, afirma o cientista político. O partido dinamarquês deixou claro não querer integrar uma aliança de direita na Europa.

Há numerosos campos de conflito entre os populistas de direita europeus. Um deles é o livre comércio. Segundo Arzheimer, Marine Le Pen tem tendências protecionistas, enquanto o DF defende o liberalismo econômico. Porém os dinamarqueses não devem ser considerados inofensivos. "O DF se mantém graças a seu posicionamento anti-imigração e anti-islâmico."

Em 2005, por exemplo, o partido acirrou o conflito em torno das caricaturas de Maomé, exacerbando-o em luta pela liberdade do Ocidente, recorda Arzheimer. Na época, os populistas compunham o establishment político da Dinamarca: de 2001 até 2011, apoiaram um governo de minoria com os liberais. Por causa disso, afirma Nissen, têm a simpatia de muitos dinamarqueses até hoje.