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Fischer condena torturas no Iraque

(pc)10 de maio de 2004

Antes de embarcar para uma viagem de três dias aos Estados Unidos, o ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, criticou pela primeira vez publicamente as torturas de prisioneiros iraquianos.

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Prisão Abu Ghraib, palco de torturasFoto: AP

As imagens dos maus tratos são "horríveis e repugnantes", disse Joschka Fischer, numa entrevista à revista Der Spiegel. O ministro alemão das Relações Exteriores exigiu que os responsáveis por essa "humilhação e abuso" sejam investigados e punidos.

Esta é a primeira vez que o influente político alemão comenta o escândalo das prisões iraquianas, que apontam para uma violação sistemática dos direitos humanos por parte das tropas dos Estados Unidos.

Fischer embarcou nesta segunda-feira (10) para Washington, onde manterá encontros com Collin Powell, o secretário de Estado, e Condoleezza Rice, a assessora de Segurança da administração americana.

Entretanto, o ministro alemão evitou comprometer-se a condenar de forma ostensiva, nas suas conversas com os políticos americanos, as violações de direitos humanos, como fizera ao encontrar-se com políticos russos e chineses.

Pressão interna

A crítica de Fischer é a primeira reação às pressões internas de políticos alemães, sobretudo do seu partido. O deputado do Partido Verde Hans-Christian Ströbele afirmou que o governo alemão já deveria ter criticado as torturas há muito tempo.

Claudia Roth, futura presidente dos Verdes, disse que a questão tem de ser abordada abertamente. Não se trata de intromissão nos assuntos americanos, mas de "direitos humanos", segundo ela.

As posições do Partido Verde são defendidas também por Guido Westerwelle, líder do Partido Liberal. Ele afirmou que é preciso expressar claramente que a Alemanha não aceita maltrato de prisioneiros. "Não se consegue nada com lealdade cega" [aos Estados Unidos], disse Westerwelle.

Cautela

Entretanto, tudo indica que o ministro alemão das Relações Exteriores irá medir bem as suas palavras, para não colocar em jogo a aproximação entre a Alemanha e os Estados Unidos.

A oposição do chanceler Gerhard Schröder contra a guerra do Iraque provocou uma crise nas relações entre os dois países, atenuada com a visita de Schröder à Casa Branca, há apenas dois meses. O chanceler alemão foi recebido pelo presidente George W. Bush, depois de vários meses de gelo.

Fischer irá discutir com Condoleezza Rice sua visita à Berlim, daqui a duas semanas. Na capital alemã, Rice deverá encontrar-se com o primeiro-ministro palestino Ahmed Kureia. Este será o encontro de mais alto nível entre as autoridades de Washington e da Palestina no espaço de quase um ano.

O ministro alemão das Relações Exteriores, que é considerado um mediador "neutro" entre palestinos e israelenses, tem interesse em desempenhar um papel nas negociações de paz do Oriente Médio.

No final da semana, Fischer participará do encontro preparatório para a próxima cúpula do G-8, no mês de junho. Os ministros alemães do Interior, Otto Schilly, e da Justiça, Brigitte Zypries, também estarão presentes nesse encontro, que abordará os esforços internacionais na guerra contra o terrorismo.