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Final! Tinha de ser?

Holger Hank, redator alemão do DW-WORLD28 de junho de 2002

Os verdadeiros torcedores da Alemanha não se deixam iludir com a façanha de sua seleção na copa. Neste artigo, o jornalista alemão Holger Hank diz que cabe ao deus futebol por um ponto final na sorte de Kahn & Cia.

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Eles já foram longe demais, segundo os próprios torcedores alemãesFoto: AP

Final. Contra o Brasil. E daí? Não se pode falar de entusiasmo coletivo com a decisão da Copa do Mundo entre Alemanha e Brasil. À primeira vista, seria de se admirar. Afinal, os alemães conseguiram chegar à final, pela primeira vez, desde 1990. No entanto, o bem sucedido caminho de interceptores como Linke, Metzelder e Hamann, assim como do agora mais que elogiado "goleiro-titã" Kahn está sendo recebido, a priori, com indiferença coletiva na terra do futebol alemão.

Claro que o jornal Bild já festeja e conclama o time de Völler: "Repitam a dose". Os telões estão esgotados em todo o país. Vende-se bandeiras como água. Mas a champanha quase ninguém ainda pôs para gelar. Presunção? Nem sinal. Alemanha campeã? Precisa ser?

A razão para a insegurança alemã é clara: após os fracassos dos últimos anos (1994: eliminada pela Bulgária! 1998: despachada pela Croácia! Eurocopa 2000: caímos fora vergonhosamente já na primeira fase), o futebol alemão merece tanto crédito quanto uma companhia telefônica americana atualmente má-afamada. Ou seja: perdeu a confiança. No mais tardar, o deprimente 5 a 1 tomado da Inglaterra em Munique nas Eliminatórias da Copa tratou de acabar com a crença da infalibilidade alemã – pelo menos junto aos torcedores de carteirinha.

Neste mundial, Kahn & Cia. fizeram de tudo para resgatar a suspeita fama dos jogadores alemães. O lema da seleção: jogar mal, mas mesmo assim vencer. "Temos de jogar mais futebol" é a frase padrão do técnico Völler, usada a cada magra vitória arrancada por seu time no Japão e na Coréia nos últimos dias. Mas falta simplesmente o estímulo criativo para mexer estes operários da bola, quase sempre cansados.

Conclusão: com a final, os alemães estão bem servidos. Fica apenas a preocupação de que domingo aconteça o que o mundo do futebol no fundo teme: o time de Rudi estar num dia de graça, Ronaldo e todos os demais craques brasileiros (até agora igualmente não convincentes) desesperados com os reflexos de Kahn e, no fim, uma festa alemã. Resta a esperança no deus futebol – e ele cuidará para que o mundo do futebol não saia dos eixos.

Sob o ponto de vista alemão, isto teria uma vantagem. Sem o fardo de ter sido campeão mundial, mesmo com uma equipe média, os alemães poderão se preparar em paz para a Copa de 2006, que acontecerá na Alemanha. Então, Völler e seus comandados serão de qualquer jeito favoritos.