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Fiasco alemão em Paris

rw1 de setembro de 2003

Escândalos de americanos à parte, o que marcou os alemães no Mundial de Atletismo foi o mau desempenho. Só com quatro medalhas e um melhor tempo nacional, dirigentes prometem mudanças, a um ano da Olimpíada de Atenas.

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Alemãs do 4x100 ficaram em quarto lugarFoto: AP

O erro crasso na passagem do bastão na semifinal masculina do revezamento 4x100 resumiu o desempenho da equipe de 62 atletas, dos quais nem dez conseguiram repetir em Paris suas melhores marcas neste ano. Pior, 20 não chegaram às provas decisivas em suas modalidades.

A equipe alemã de atletismo não atingiu a metade das sete medalhas conquistadas no Mundial de Edmonton, em 2001 (sendo que no Canadá duas foram de ouro). Foram-se os tempos em que a rivalidade entre os dois Estados alemães, antes de 1990, resultava em chuva de medalhas.

O objetivo da Federação Alemã de Atletismo na França era de cinco a sete medalhas, garantindo um lugar entre os três primeiros países. À prata ganha por Annika Becker no salto com vara, seguiram-se apenas as de bronze nos 50 quilômetros de marcha atlética para Andreas Erm (com o melhor tempo alemão para a prova) e no lançamento de dardo, para Steffi Nerius e Boris Henry.

Analisar para mudar

"Vejo na atual situação um desafio e de forma nenhuma trata-se de um motivo para deixar o cargo", afirmou o presidente da federação, Clemens Prokop, afastando especulações de renúncia. Para seu vice, Rüdiger Nickel, "este resultado é conseqüência de uma série de fatos a serem analisados com os treinadores de cada modalidade num congresso em meados de setembro. Não podemos mais depositar todas as nossas esperanças em estrelas como Heike Henkel – que, lesionada, não participou do Mundial –, Lars Riedel, Tim Lobinger, Dieter Baumann e Astrid Kumbernuss (todos sem medalhas)".

A um ano dos Jogos Olímpicos em Atenas, um dos problemas do atletismo alemão é a falta de novos talentos adultos. "Nos mundiais de sub-18, sub-20 e sub-23 temos bom desempenho. Mas daí acontece alguma coisa que impede estes talentos de subirem", constata Steffi Nerius, do dardo.

Muitos atletas queixam-se da política centralizadora da federação. "Não podemos obrigar ninguém a treinar num só grupo, mas tentaremos convencer alguns de que precisam mudar sua vida profissional e particular", apontou Prokop, defendendo seu treinador-chefe, Bernd Schubert, alvo das críticas de atletas alemães de elite.

Corpos moles e covardes

Pela primeira vez, Prokop lamentou neste domingo a falta de espírito de equipe entre os atletas, apesar dos preparativos para o mundial terem sido feitos em treinamento coletivo. "Senti falta do apoio mútuo nas provas, por isso não acho má a idéia de incluir um psicólogo no grupo de 40 profissionais que zelam pelos atletas alemães, a exemplo do que tivemos há alguns anos", queixou-se.

Heike Drechsler
Heike DrechslerFoto: AP

Heike Drechsler, de 38 anos, acusa seus colegas de fazerem corpo mole: "Alguns não dão tudo de si, eles são muito softies. Por isso não admira o fracasso da delegação alemã neste mundial". Por outro lado, a campeã olímpica no salto em distância manifesta respeito à coragem de Tim Lobinger. Quinto colocado no mundial, o extrovertido atleta do salto com vara havia chamado seus companheiros de "cagões", por preferirem se calar diante dos dirigentes em vez de manifestar opiniões divergentes.