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Festival de Berlim

11 de setembro de 2009

Evento internacional aborda autores do Oriente Médio: uma região muito discutida, porém pouco conhecida. Seus organizadores buscam temas de relevância também política, cultural e econômica.

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A Alemanha é uma locação apreciada para festivais e outros eventos de literatura. A Feira do Livro de Frankfurt, realizada anualmente, é a maior do gênero no mundo. É lá que os editores internacionais se encontram para negociar direitos e custos de publicação. A Feira de Leipzig tem menor escala, destacando mais a relação entre autor e leitor.

O Festival Internacional de Literatura de Berlim também desenvolveu seu "sabor próprio", estabelecendo-se como um ponto de reunião "para todo o mundo". Poetas do Oriente Médio se encontram ombro a ombro com autores de contos indianos; romancistas dos países europeus dialogam com seus contemporâneos do Extremo Oriente.

"Marco na comunicação literária"

Haus der Berliner Festspiele
A Haus der Berliner Festspiele acolhe o evento literárioFoto: Burkhard Peter

Os escritores alemães – cerca de um terço dos 200 participantes – naturalmente também estão representados nesta nona edição, que vai até 20 de setembro. Porém, o destaque deste ano é a literatura do mundo árabe. Os organizadores esperam lançar luz sobre uma região do mundo que tem sido objeto de debate político intenso, mas que em grande parte permanece desconhecida no Ocidente.

O festival enfatiza os criadores literários mais destacados do momento no Oriente Médio. O vencedor do Prêmio Internacional de Ficção Árabe, Youssef Zieden, lerá trechos de seu romance Azazil. Nele, o autor egípcio aborda a violência e intolerância do cristianismo durante o século 5º.

A recepção da literatura árabe na Alemanha é tema de uma mesa-redonda intitulada "O que chega ao leitor?". Uma pergunta possivelmente justificada, considerando-se que os 40 escritores convidados são apenas conhecidos em meios literários especializados.

Um fator para esse desconhecimento é a carência de traduções, já que mesmo a maioria dos best-sellers do Oriente Médio só está disponível na língua original. O organizador Ulrich Schreiber quer que os 38 pontos da programação do festival berlinense constituam "um marco na comunicação literária como o mundo árabe", atraindo a atenção para a produção da região.

Reflexões e humor

Schreiber e seus colegas esperam que a dimensão política e social do evento provoque insights e debate. Um exemplo é "Reflections", fórum internacional de intercâmbio de ideias lançado em 2002, para relembrar os atentados de 11 de Setembro.

O painel cobre uma gama de temas provocadores, das esferas política, cultural e econômica. Entre eles: os primeiros meses da presidência de Barack Obama, os efeitos da globalização na cidade de Mumbai e a expansão da influência da Máfia na Alemanha.

O festival tampouco hesita em colocar o próprio mundo das letras diante do espelho. "Quem decide o que lemos? O poder dos prêmios literários" investiga até que ponto as premiações realmente influenciam os leitores. Entre os participantes estão o Prêmio Nobel da Literatura Nadine Gordimer e os britânicos Colum MacCAnn e Hanif Kureishi.

Numa veia mais leve, o concurso "International Slam!" promete emoção e humor, com uma combinação única de poesia, narrativa, comédia, rap, canto e dança. Seus candidatos são convidados a ler ou recitar poemas de forma divertida, e quem define o vencedor é o público, com a força de seu aplauso.

Autor: Heiner Kiessel / Augusto Valente
Revisão: Simone Lopes