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Organização polêmica

27 de outubro de 2007

Criticada por defender posições dúbias relacionadas à II Guerra, BdV completa meio século de existência, representando dois milhões de alemães expulsos do Leste Europeu. Governo aprova construção de memorial polêmico.

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Angela Merkel (e) felicita a presidente da BdV, Erika Steinbach, pelo cinqüentenário da organizaçãoFoto: picture-alliance/dpa

Quase 60 anos após a última expulsão de alemães de territórios do Leste Europeu que, até 1945, estiveram sob domínio nazista, este capítulo da história ainda não foi encerrado. É o que diz a Federação dos Desterrados, que neste sábado (27/10) festejou meio século de existência.

Com cerca de dois milhões de sócios, a BdV propõe-se a "preservar a diversidade das tradições e o patrimônio cultural dos alemães no leste". Ao mesmo tempo, tem cobrado indenizações, um tema delicado, principalmente nas relações entre a Alemanha e a Polônia.

Em 2003, os governos dos dois países assinaram uma declaração, segundo a qual "não deveria mais haver espaço para indenizações". Juridicamente, porém, a briga continua. As atividades da organização comercial Preussische Treuhand, que cobra indenizações e devolução de bens, inquieta principalmente os poloneses.

Fama de revanchistas

Segundo a BdV, entre 1945 e 1950, cerca de 15 milhões de alemães foram expulsos de sua pátria no Leste Europeu. Cerca de oito milhões teriam ido para a então Alemanha Ocidental, aproximadamente quatro milhões para a Alemanha Oriental.

Em torno de 2,5 milhões de alemães teriam morrido durante a fuga da então Prússia Oriental, Silésia, Pomerânia e dos Sudetos – uma cadeia de montanhas na fronteira entre a República Checa a Polônia e Alemanha.

A primeira tentativa dos desterrados de fundar uma associação, logo após a Guerra, foi impedida pelos aliados, porque eles eram considerados revanchistas. Segundo a revista Der Spiegel, entre os membros da organização havia três vezes mais integrantes da SS (Schutzstaffel) do que na média da população alemã.

Embora dois dos primeiros presidentes da BdV tivessem sido social-democratas, as relações da entidade com o Partido Social-Democrata (SPD) sempre foram tensas. Sobretudo durante o governo de Willy Brandt, que forçou a reaproximação com o Leste Europeu. Nessa época, muitos desterrados abandonaram o SPD.

Reduto das SS?

Deutschland Berlin Vertriebene Deutschlandhaus am Anhalter Bahnhof
Provável sede do futuro centro de documentação sobre os desterrados, em BelimFoto: AP

Desde a criação de um Centro contra a Expulsão, em 2000, a aceitação pública da BdV melhorou. Após uma longa polêmica, os partidos da coalizão governamental (SPD e CDU/CSU) acabam de aprovar a idéia de construir,em Berlim, um centro de documentação sobre os desterrados.

Mesmo assim, a desconfiança em relação à BdV persiste. Por ocasião do cinquentenário, o vice-presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Dieter Graumann, conclamou a entidade a "romper com a funesta tradição de estabelecer paralelos entre o Holocausto e o desterro".

A líder da bancada verde na câmara baixa do Parlamento alemão, Renate Künast, disse que a BvD precisa "abandonar seu nacionalismo dúbio e finalmente reconhecer as fronteiras européias, renunciar a indenizações estatais e privadas, bem como impedir qualquer atividade de extrema-direita".

Em entrevista à emissora de televisão alemã ZDF, a presidente da BdV, Erika Steinbach, nascida Polônia em 1943 e hoje deputada federal alemã pela CDU, reiterou a intenção da Federação dos Desterrados de "trabalhar por uma Europa em que os povos convivam pacificamente. As fronteiras européias naturalmente serão reconhecidas", garantiu. (vw/gh)