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Fechando negócios

(sv)14 de outubro de 2002

Social-democratas e verdes entram em acordo sobre as formas de redução do déficit orçamentário. O novo programa de governo será divulgado na próxima quarta-feira (16).

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Hans Eichel e o superministro Wolfgang Clement em meio às negociaçõesFoto: AP

A portas fechadas, social-democratas e verdes discutiram, no último fim de semana, detalhes do novo programa de governo. O resultado das negociações, a ser firmado na próxima quarta-feira (16) sob a forma de "pacote completo", não vai acentuar eventuais divergências de opiniões entre os parceiros. Questões básicas praticamente fechadas, falta ainda "um resto de trabalho", segundo declarou o ministro das Finanças, Hans Eichel, nesta segunda-feira (14).

Ao lado de rixas sobre os domínios no governo, questões como o imposto ambiental, a introdução de um novo imposto sobre especulação financeira e detalhes das política tributária e energética deram o tom às negociações. O cerne do debate, no entanto, esteve e ainda está na incapacidade de Berlim de reverter o atual quadro negro da economia alemã.

Troca-troca –

Os colegas de gabinete de Eichel ameaçam tirar poderes de suas mãos, atribuindo um maior leque de decisões ao futuro "superministro" Wolfgang Clement, que deverá acumular as pastas da Economia e do Trabalho. Clement, por sua vez, assume com prazer funções hoje delegadas ao Ministério das Finanças, mas se nega a passar a política energética ao Ministério do Meio Ambiente do verde Jürgen Trittin.

Por outro lado, o também verde Joschka Fischer, ministro das Relações Exteriores, se nega a passar a bola da política européia para frente, como mencionado durante a campanha eleitoral por Gerhard Schröder. Cogita-se, para o desgosto de Fischer, criar um ministério especial europeu, ligado diretamente ao gabinete do chanceler federal.

Zerando o déficit –

Pelo que tudo indica, no entanto, os vizinhos europeus saberão enfim aquilo de que já desconfiavam: a Alemanha, a maior economia da União Européia, deverá ultrapassar o limite de 3% do déficit público estipulado por Bruxelas. O principal ponto de discussão entre verdes e social-democratas tratou de buscar meios de combater esse déficit, que, segundo rezam os mandamentos da UE, deverá ser zerado até 2006.

Segundo o secretário-geral do Partido Social Democrático (SPD), Olaf Scholz, Berlim pretende aumentar o número de investimentos no país até atingir os 29 bilhões de euros no próximo ano. As ameaças de aumento de impostos, divulgadas pelo governo logo após a vitória nas urnas, foram descartadas durante as negociações. Segundo Scholz, os investimentos serão financiados, entre outros, através do corte de subsídios.

Eichel na berlinda –

O ministro das Finanças, Hans Eichel, definitivamente não vive seus melhores dias. Em um cenário que une crise econômica mundial, o conflito envolvendo o Iraque, o estremecimento das relações diplomáticas com os EUA e uma oscilação constante do mercado financeiro, o orçamento alemão parece cada vez mais longe de estabilizar-se.

O problema é que, quanto mais os rombos nas contas de Eichel aumentam, menor fica a vontade de Berlim de economizar realmente. Enquanto isso, a estratégia das negociações entre os parceiros de coalizão foi apostar cada vez mais nos poderes do novo superministro, colocando Eichel, de uma forma ou de outra, na berlinda. Para o pacto de estabilidade da UE, não é nada exemplar que a economia mais sólida do bloco, pelo que tudo indica, venha se dissolvendo cada vez mais.