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Quão violenta é a extrema esquerda?

(na/av)11 de abril de 2007

A coordenação das manifestações da extrema esquerda melhorou. Mas o estigma de violência persiste por culpa de uma minoria.

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Tumultos de rua na DinamarcaFoto: AP

Se, por um lado, a coordenação dos grupos e do público nas manifestações antiglobalização tem melhorado, a violência também ganhou espaço nos protestos mais recentes.

O 1º de Maio da Alemanha raramente transcorre sem o incêndio de um ou dois carros. Contudo é quase por uma questão de tradição que a polícia permite o sacrifício dos veículos, o qual serve para aplacar os anarquistas e evitar confrontações.

Em outras manifestações mais internacionais, entretanto, os choques violentos se tornaram mais freqüentes e mais intensos. Guy Taylor, da organização Globalise Resistance, discorda que o fato aponte para uma coordenação de fora.

"É muito raro grupos envolvidos em protestos sofrerem pressão por parte de certas organizações para que reajam com violência. Ser ignorado pelos políticos irrita algumas pessoas, que por isso pleiteiam por uma forma mais 'radical' de protesto. Contudo, tal argumento não encontra muito respaldo em nosso grupo."

Antidemocracia não é a regra

De acordo com Taylor, o pequeno porte dos grupos, em si, impede a coordenação em grande escala.

1. Mai Krawalle in Berlin
Passeata de 1º de Maio em BerlimFoto: AP

"Na maioria dos casos, a única organização capaz de desencadear um tumulto é a polícia. Protestos gigantes têm transcorrido pacificamente – apesar de manifestantes radicais e irados – sempre que a polícia teve o cuidado de não provocá-los", esclarece o ativista.

Ainda segundo Taylor, os mais violentos são geralmente anarquistas, ativistas dos direitos dos animais ou ambientalistas radicais. Estes perseguem metas um tanto distintas daquelas da extrema esquerda.

Black Bloc, Cruz Anarquista

Cas Mudde, professor da Universidade da Antuérpia, acrescenta que, embora a esquerda radical defenda pontos de vista e táticas bastante diversas, sua maioria não segue, em geral, uma ideologia violenta. Um outro especialista em extremismo de esquerda na Europa, Luke March, afirma que a maior parte dos ativistas não são antidemocráticos.

Uma exceção é o "Black Bloc", ressalva Mudde.Trata-se de um assim chamado "grupo de afinidade", que se reúne durante os protestos. O nome provém de suas roupas e máscaras negras, que os aglutinam numa grande massa, além de impedir sua identificação pelas autoridades.

O Black Bloc tem conexões com os squatters (ocupadores de casas) da Alemanha e da Holanda. Porém seu núcleo é, na realidade, um grupo reduzido de não mais de 200 indivíduos.

Polizeieinsatz in Toledo/Ohio
Choques entre polícia e manifestantes em Ohio, 2005Foto: AP

Exemplos recentes – tais como os protestos em Copenhague, em torno do fechamento de um centro para jovens, que reuniram extremistas de várias partes da Europa e culminaram em arruaças – demonstram haver ativistas violentos, dispostos a cruzar grandes distâncias a fim de apoiar causas em outros países.

Um grupo de extrema esquerda envolvido nas manifestações na capital dinamarquesa foi a Cruz Negra Anarquista, conhecida por organizar protestos em todo o mundo. "Note-se que muitos esquerdistas moderados agora mantêm a distância desse tipo de passeata", comentou Mudde. "Quem comparece são os elementos mais radicais."

Esquerda e direita não se misturam

A esquerda alemã teme a infiltração da extrema direita nos protestos de junho em Heiligendamm, onde ocorrerá a cúpula do G8. Porém, Clas Mudde acredita que, se houver agitação, ela partirá das facções anarquistas da extrema esquerda.

"A extrema esquerda e a extrema direita compartilham sentimentos semelhantes em relação à globalização. Mas não se misturam. Elas encenarão suas próprias passeatas a uma boa distância uma das outras, e não creio que os de direita irão procurar confrontação com os de esquerda."