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Parlamento Europeu

(ja/ca)15 de janeiro de 2007

A sessão inaugural do Parlamento Europeu, neste ano em Estrasburgo, teve uma surpresa desagradável: a criação de uma bancada de extrema direita, que se tornou viável com a entrada da Bulgária e da Romênia na UE.

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Ampliação do Parlamento Europeu possibilita bancada de extrema direitaFoto: AP

A primeira sessão de 2007 do Parlamento Europeu, na noite desta segunda-feira (15/01) em de Estrasburgo, teve uma surpresa desagradável: a criação de uma bancada de extrema direita com o nome Identidade, Tradição e Soberania.

Com um total de 20 deputados, provenientes da França, Itália, Bélgica, Reino Unido, Áustria, como também dos novos Estados-membros da UE, Bulgária e Romênia, a formação do novo grupo tornou-se possível devido justamente à entrada dos dois últimos no bloco europeu.

A criação de uma nova bancada exigia um mínimo de 20 deputados provenientes de pelo menos seis países. Cinco deputados do Partido da Grande Romênia e um do Partido Ataque, da Bulgária, juntaram-se à nova bancada, que passa a receber direitos especiais e apoio econômico de cerca de um milhão de euros em 2007.

Valores cristãos, família e cultura européia

Bruno Gollnisch, Europäisches Parlament, Rechte
Gollnisch quer 'valores europeus' na ITSFoto: AP

A bancada é composta por diferentes extremistas que só estavam esperando uma chance para a formação de um grupo político.

Entre eles, estão seis representantes do Partido da Frente Nacional francês e três do Partido Nacionalista Vlaams flamengo, da Bélgica. Alessandra Mussolini, neta do ex-ditador italiano Benito Mussolini, também aderiu ao bloco.

O líder da nova bancada deverá ser Bruno Gollnisch, secretário-geral do Partido da Frente Nacional, da França. Jean-Marie Le Pen, presidente do partido, e sua filha Marine, igualmente, pertencem à nova representação.

O grupo, denominado Identidade, Tradição e Soberania (ITS), rejeita a imigração, a adesão da Turquia à UE e a adoção de uma Constituição européia. Segundo Bruno Gollnisch, o objetivo é defender os "valores cristãos, a família e a cultura européia".

Tem de tudo

Martin Schulz
Martin Schulz organisará resistência contra radicais de direitaFoto: dpa

"Desde negadores do Holocausto, passando por inimigos do islamismo e dos ciganos da etnia rom, tudo está, praticamente, representado", afirmou Cem Özdemir, deputado europeu pelo Partido Verde.

Martin Schulz, líder do Partido do Social Democrata (SPE) no Parlamento Europeu, comunicou através de seu porta-voz que "uma Internacional dos nacionalistas é uma idéia grotesca".

O SPE anunciou que pretende convocar todas as outras bancadas para que, juntos, evitem que os extremistas de direita ocupem funções representativas, afirmou Schulz.

Antes da sessão, Hannes Swoboda, vice-presidente da bancada socialista, explicou ainda que, através do apoio econômico, jurídico e logístico que receberia, a criação do ITS "significaria um apoio à propaganda racista e antieuropéia". Para Swoboda, "isto é naturalmente muito ruim, mas é o preço da democracia".

Poucas chances de sobrevivência

Alessandra Mussolini, Europäisches Parlamant, Rechte
Alessandra Mussolini também quer aderir à nova bancadaFoto: AP

Guillaume Durand, analista político do Centro de Política Européia (EPC), sediado em Bruxelas, minimiza a influência que a nova bancada poderá ter. "A pequena quantidade de membros demonstra a fragilidade do grupo. A saída de uma pessoa seria suficiente para seu fim", afirma Durand.

Durand não acredita que a criação da ITS provocará alguma mudança significativa na política européia. O especialista argumenta que radicais de extrema direita sempre estiveram presentes no Parlamento Europeu.

"O Parlamento Europeu é um espelho da política. Em alguns Estados-membros, sabemos da existência de partidos de forte cunho nacionalista. A repercussão deste fato chega agora em nível da União Européia", explica Durand. Há 13 anos não havia uma bancada de extrema direita no Parlamento Europeu.