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Expo pode deixar de existir

(sv)9 de agosto de 2002

O século 19 viu nascer a primeira Exposição Mundial, que abria novas perspectivas para o comércio internacional. É possível que o século 21 sele seu fim.

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Inauguração da Expo 2000 em HanôverFoto: AP

"A próxima Expo está sem lugar", anunciou esta semana o primeiro-ministro francês, Jean-Pierre Raffarin. A mostra, que iria realizar-se entre maio e agosto de 2004, teria "a imagem" como tema central. Há pouco mais de um mês, Raffarin pediu para o Escritório Internacional do evento um relatório sobre as finanças da exposição e, principalmente, uma lista dos países que já asseguraram sua participação em 2004.

O resultado deixou muito a desejar: menos de dez nações haviam confirmado sua presença. Um interesse bastante escasso, considerando-se que o projeto está orçado em 395 milhões de euros. Assim, em função do "risco financeiro", o atual governo conservador francês optou por cancelar o projeto, aprovado anteriormente pelos socialistas.

Finanças -

Político experiente, Raffarin deve ter partido do princípio de que decisões difíceis devem ser tomadas, de preferência, no início do mandato, pois assim já estarão legadas ao esquecimento quando das próximas eleições. Um golpe nada fácil de digerir para as milhares de pessoas que contavam com os empregos que a Expo traria, mas uma postura de defesa dos cofres oficiais.

Diante de um quadro financeiro nada promissor, o gabinete de Raffarin já terá enormes dificuldades em levar a cabo a reforma tributária prometida por Chirac na campanha eleitoral. Os milhões destinados à Expo aprofundariam mais ainda o rombo financeiro no orçamento, quando os países da zona do euro estão empenhados em cumprir o pacto de estabilidade.

Fiasco -

Nessa situação, qualquer risco há de ser evitado. Além disso, tudo leva a crer que a Expo nos arredores de Paris poderia vir a ser um belo fiasco. Mesmo que o número de países participantes viesse a crescer consideravelmente, é bastante provável que a exposição acabasse, mais uma vez, no vermelho. Considera-se, para tal prognóstico, a amarga mostra de Hanôver em 2000.

Prejuízo -

A experiência alemã mostrou que a Expo não só atraiu um número muito menor de visitantes do que o planejado, como deixou um saldo negativo monstruoso. Ao invés dos 40 milhões de pessoas esperadas, a exposição vendeu meros 18 milhões de entradas. Muitos visitantes demonstraram até mesmo mais interesse pelos pavilhões temáticos do que pela mostra em si. A forte campanha publicitária, organizada tardiamente, não pôde evitar o prejuízo de 1,2 bilhão de euros.

Mesmo antes dos resultados catastróficos, já se questionava se uma exposição de tal porte se justifica na era da globalização, quando a informação sobre outros países pode ser acessada de forma bastante diversa da visita a um estande. Na Expo 2000, que teve como lema "Homem. Natureza. Técnica", a pergunta já estava no ar: não seria mais sábio organizar uma mostra concentrada nos problemas do planeta, como a pobreza e a superpopulação?